quarta-feira, novembro 25, 2009

Nasceu há 164 anos


A minha singela homenagem a Eça de Queirós, um dos mais importantes escritores portugueses.

Aprecio os seus textos políticos que continuam actuais.

Política de Interesse

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)
Foto:internet

11 comentários:

Anónimo disse...

Actualíssimo.

Bjs.

Just Me...S disse...

Gosto muito dos romances de Eça de Queiroz!!!

Anónimo disse...

Eça de Queirós grande romancista!
Recordo o meu tempo de estudante e recordo as suas obras:
"A Relíquia", "A Ilustre Casa de Ramires","O Crime do Padre Amaro"...etc.
Para mim o que me prendeu a atenção até ao final foram "Os Maias".
Neste romance estende o seu campo visual à alta sociedade!.Foi um grande analista da crise desse século (xix) e infelizmente o seu aguçado espírito crítico, adapta-se perfeitamente ao estado actual do nosso país.
O artigo apresentado poderia ser rubricado por um jornalista da actualidade que fosse imparcial. Retrataria da mesma forma( se tivesse a capacidade deste romancista!!!)o estado crítico do nosso país :
"...em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos..."
"Há a tristeza e a miséria ;dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio"...
O Portugal do século xix tinha a sociedade à deriva! E hoje século xxi, como está ???
Grande romancista !
Grande cronista!
Grande romântico!
Grande artista que ainda hoje está no palco da verdade!!!
Presto a minha homenagem a este HOMEM chamado Eça de Queirós.
Beijinhos.

artes_romao disse...

boa tarde,td bem?
mas que belo post...
informação muito importante...
fica bem,jinhos***

Mena disse...

Olá!
É sem dúvida actualíssimo, infelizmente!

Bj
Mena

mfc disse...

Admiro-o imenso... só não sei se ele é actual ou se é o país que continua atrasado!!

Rosa Goncalves disse...

OLÁ, PASSEI PARA LHE DEIXAR UMAS BEIJKASSS
ROSA

Rosa Goncalves disse...

Olá minha amiga, vim agradecer sua visita e elogios ao meu poema, sim amiga, nós não podemos pensar só nos que tem para passar uma festa de Natal Feliz,mas tb temos que pensar que hà muito quem não tenha nada para fazer festa, e para outros não sabem que à festa de Natal. Obrigada amiga aqui vos deixe um grande e carinhoso abraço e um beijinho Rosa

~*Rebeca*~ disse...

Acho que esse texto vai sempre se encaixar no mundo como ele era antes, é hoje e daqui por diante... infelizmente!

As postagens estão realmente bonitas, né!!!

Obrigado pelo carinho, Elisa!

até mais.

Jota Cê

Unknown disse...

A ideia de Portugal de Eça de Queiróz -- Escrevem os especialistas -- está marcada pelo facto de ele ter abandonado o país antes do Fontismo, de não ter assistido a um certo desenvolvimento do pais.

É certo que a instabilidade política era tremenda.
A ética e a seriedade estavam nas ruas da amargura.

Se a convicção de que a história se repete persiste, então há razões para temer o pior.

Outro dado está presente e ainda pode pesar -- Coisa que não acontecia no Sec. XIX -- a indignação e contestação popular e os meios à disposição para influenciar os executivos.

(Apesar de tanto desânimo.)

MARIPA disse...

Apesar de longínquas no tempo,como permanecem actuais as palavras de Eça...

Beijinho,Lisa.

Bem haja pelos parabéns e palavras gentis.
Perdoe o atraso em agradecer,mas tenho estado sem net...

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