Só.
Cheia de saudades.
Um poço de solidão.
Sem luz.
Só a imaginação.
E lembranças de escolhas passadas.
De tudo que foi bom.
E se acabou.
Já nem me lembro como.
Ou porquê.
Às vezes sem motivo aparente,
Às vezes dolorosamente.
A vida passou, simplesmente.
E dentro dela, pessoas adoráveis, adoradas,
Hoje meras imagens-lembranças.
Só.
Vazia esvaziada por estas saudades.
Uma montanha de solidão.
Iluminada,
Além da imaginação.
Querença de futuros novos,
Retomando o que passou e não foi saboreado.
Nem foi vivido na sua possível plenitude.
Eu não me dei tudo o que podia.
Por isso perdi parte do que seria, teria sido.
E assim quero de novo – e desta vez melhor,
Maior, mais amplo e cheio de luz.
Mais do que imagens e possibilidades.
Histerólitos de vida.
Palpáveis.
Plenitudes.
Inimagináveis.
Mais velha,
Quisera ter aprendido a escolher,
Sem seleccionar.
Sem deixar de viver com cada ser,
Como se fosse o único.
E eterno.
E eterno.
E eterno.
Agora, que já aprendi como me dar, me doar,
Já não posso voltar.
Nem corrigir os passados.
Nem redesenhar os futuros.
Nem recriar os filhos.
Nem rearmar o parceiro.
Nem rearmar a vida.
O que deixei para trás, deixei.
O que será de mim, agora,
Além de lembranças e passados e saudades?
O que serei não sei, não sei.
E já não importa saber.
E nem mais é preciso.
(Noctívaga Nocturna)