terça-feira, setembro 29, 2009

Momento de Poesia com Paula Raposo

O caminho






O caminho deveria
ter-se cruzado
há anos.

Deveria.

Assim não sendo
cruza-se agora
para me encantar
no teu olhar.


Paula Raposo

Foto minha

domingo, setembro 27, 2009

O país ao longo do tempo



Ontem

Um país de mudos governado por um surdo.

Hoje

Um país de papagaios governado por um surdo.

E amanhã?



Imagem:internet

sábado, setembro 26, 2009

Parabéns Frederico!


Faz hoje 28 anos o Frederico (Kiko), meu sobrinho e afilhado, e um dos contribuidores (muito silencioso) deste blog.
Reparem no homem charmoso em que se está a transformar o meu sobrinho.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Isto de não ser de esquerda


Os caminhos da liberdade são muitos e misteriosos. Mas talvez só à direita se possa perceber isso. Fui para a direita para ser livre.




Cresci num país "a caminho do socialismo". O governo era de esquerda, os meus pais eram de esquerda, os professores no liceu eram de esquerda, os jornais eram de esquerda, os cantores da moda eram de esquerda, os militares eram de esquerda, os bispos eram de esquerda e até os partidos ditos de "direita" também eram de esquerda (do "centro-esquerda").


Aqueles que viveram nesse Portugal de há trinta anos sabem do que falo. O ar cheirava a esquerda e parece-me que até a comida sabia a esquerda. A sabedoria, o talento e a bondade só podiam ser de esquerda.


A esquerda era o bem. Ser de esquerda era estar salvo, redimido de todos os pecados, isento de todas as dúvidas, dispensado de todas as reflexões. O respeitinho era de esquerda.


Num país assim, era talvez fatal que a perversidade inerente à adolescência me levasse a acreditar que nada do que me fascinava pudesse ser de esquerda.


Henry James, Borges, Nabokov não eram de esquerda. Os Estados Unidos não eram de esquerda. A rapariga mais bonita do liceu também não era, aparentemente, de esquerda.


O que era não ser de esquerda?



Era ler os poemas de Fernando Pessoa sem os reduzir à "expressão da angústia de classe da burguesia". Era reconhecer que o Natal não era quando um homem quisesse ou que o mundo não pulava e avançava como bola colorida nas mãos de uma criança.


Era chamar as coisas pelos nomes e perceber os limites de tudo.


Era aceitar o pluralismo e a contradição como características permanentes da humanidade, e não como imperfeições para serem passadas a ferro pela planificação científica da sociedade. Não ser de esquerda era compreender que Cuba era uma ditadura, ponto final.


Onde tudo começou


Eis como fui parar à direita - um lado que, depois da revolução, era como aqueles descampados entre prédios onde brincávamos em miúdos: um espaço vago, sem organizações, sem hierarquias, sem rituais, sem dogmas, sem líderes. Foi por aí que passei a andar, anarquicamente. Se tivesse nascido noutra época, estaria eu noutro lado? Talvez.



O ano passado, li um texto em que Bernard Henri-Lévy justificava as suas parcialidades políticas. Descobri, sem espanto, que as razões pelas quais ele diz que é de esquerda são precisamente as mesmas pelas quais eu digo que não sou de esquerda, ou, se preferirem, pelas quais eu estou à direita (não digo "ser de direita", porque esse é um ponto de vista da esquerda).



Resumo: ele fez-se de esquerda para ser livre; eu fui para a direita pela mesma razão. Os caminhos da liberdade são muitos e misteriosos. Mas talvez só à direita se possa perceber isso.






Rui Ramos “Historiador”

Jornal i 30/05/2009




Foto:http://gentedefe.com

quarta-feira, setembro 23, 2009

Um olhar: Bonsai

Achei original! Não resisti…



Bonsai videira




Bonsai (japonês: 盆栽, bon-sai), que significa "árvore em bandeja".
Foto minha

terça-feira, setembro 22, 2009

Chegou o Outono!


Com a chegada do Outono a paisagem inicia um novo ciclo de mudança.
O blog acompanha-a, renovando o seu visual. Vestir-se- á de dois tons de castanho, duas das cores das folhas que caem!

Foto:www.flickr.com/photos

domingo, setembro 20, 2009

Tenção

A B

(Breve abordagem ao “o cuidar e o suspirar” do “Cancioneiro Geral” de Garcia de Resende)
Personagem A= defensor do “cuidar” ( o melhor amador é aquele que deixa transparecer o seu sentimento).
PersonagemB= defensor do “suspirar” ( o melhor amador é aquele que sabe guardá-lo para si).





Mote

Será para nós melhor
revelar o nosso amor
ou cerrar o coração,
deixando gritar em vão?


1-A- Quem ficará acalmado
ao ver o ente amado?
Todo o meu ser se excita
e os sentidos apetita.

2-B- Prefiro guardar em mim
e levar até ao fim
meu amor pela “Senhor”;
servi-la-ei com sabor.

3-A- Que belo corpo talhado,
por detrás tão abrasado!
Quem há que a ele resista?
Quem é que dela desista?

4-B- Ver seu rosto de carmim,
qual bela flor do jardim,
alivia o meu ardor,
serei puro entendedor.

5-A- Os seios arrebitados,
os botões avermelhados,
quem haverá que subsista
e não seja feiticista?

6-B- Ser cortês é dizer sim:
servo, eu; Vós, mandarim.
Na paixão, maior temor;
na mesura, mais pudor.

Fym (fim) (Sentença)
Ambos ignoram o melhor
que existe no puro amor:
carne, mente e coração
tudo gerem em união.





Obs.: O “fym” está relacionado com o mote, embora com algumas variantes.
Em redondilha maior, segundo o esquema AABBccddeeaaccddaabb.

Vocabulário:
Abrasado=ardente, provocante
Apetita=desperta, tenta
Entendedor=namorado
Feiticista=amante da concupiscência
Mesura=delicadeza
Sabor=alegria
Senhor=(subst.uniforme)=Senhor,a
Talhado=formoso, esbelto

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

sexta-feira, setembro 18, 2009

Quando li recordei o sabor


(…) como muitos europeus que viveram em África, Adelina adoptara a culinária africana que, em boa verdade, era o resultado da adaptação da cozinha levada pelos brancos pobres aos produtos disponíveis em África.
Uma culinária de guisados e estufados que os nativos nunca haviam provado, com refogados fritos em óleo de palma e cozeduras em caldos de dendens, baptizados de moamba de galinha, de peixe, de calulus de carne seca, acompanhados pelos vegetais da terra, os quiabos, a abóbora carneira, as folhas de mandioca, a cangica de milho e feijão, o funge angolano, com farinha lançada em chuva sobre a água a ferver até fazer uma geleia que também podia servir de cola-tudo. Uma comida de encher a barriga, se não de carne e peixe, pelo menos de farináceos e , acima de tudo, de saudades de África. Tudo bem temperado de jindungo.(…)

Fala-me de África
Carlos Vale Ferraz

quinta-feira, setembro 17, 2009

Um olhar

Aqui estão quase em extinção, mas lá (Marrocos) são praticamente um meio de transporte.






Fotos minhas

quarta-feira, setembro 16, 2009

As minhas férias de 2009

Boas :)
Já há algum tempo que estava para postar algo e finalmente cumpri tal promessa. A minha escolha desta vez foi um pequeno vídeo sobre as minhas férias.
Estas férias foram passadas no Norte, sendo estas fotos de vários sítios, como por exemplo: Caminha, Vila Praia de Âncora, Viana do Castelo e outras cidades.
Espero que gostem :)
Ah...e desculpem a qualidade do vídeo...podía estar melhor se o site o permitisse :/

Há sempre uma primeira vez para tudo.

Erg Chebbi no deserto do Saara. (menos 1 hora do que nas fotos)


















Fotos minhas

segunda-feira, setembro 14, 2009

Esparsa


Fui à praia para ver
os contornos do teu corpo.
Entrei na água com prazer,
de lá vim em desconforto.
Pintaste, sem eu saber,
as pernas: que feio horto!
Ouve , amiga, irás ter
passagem grátis pr’o porto
d’inferno e aí vais dizer
que tudo cá anda torto.

(esparsa em décima, de verso de arte real- redondilha maior- , segundo o esquema abab abab ab)

Vocabulário
Torto= errado


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

sábado, setembro 12, 2009

Já cheira a Outono!

Por aqui” habitam” alguns castanheiros (bravos) e carvalhos.
Já salpicaram o verde, com vários tons de castanho e amarelo, para receberem a época que se avizinha.
No chão, de onde em onde, vêem-se alguns frutos já amadurecidos semeados pela brisa que sopra.
P.S. As castanhas bravas são um óptimo anti-traça.





Castanheiro bravo


Pormenor do castanheiro bravo com os ouriços

Castanhas bravas maduras

Carvalho
Pormenor do carvalho com bolotas

Bolotas
Fotos minhas

quinta-feira, setembro 10, 2009

Um novo ano lectivo começou!

É sempre com nostalgia que recordo este dia.
Era um dia diferente. O reencontro de professora e alunos. Havia um que sempre me marcou: o 1-º dia de aulas do 1-º ano.
Era uma ternura ver os rostinhos dos pequeninos. Elas mais atrevidotas, narizitos arrebitados. Eles uns “bebezões”, lágrima ao canto do olho.
No entanto, em todos eles era visível um certo ar de expectativa num misto de “importância”, pois era o início da escola a “sério”, uma nova etapa, depois da “escolinha” (pré-primária).
Era notória a diferente atitude das mães. Mais protectora com os filhos do que com as filhas, talvez pela diferente atitude de comportamento: elas mais libertas, mais independentes, eles mais agarrados às “saias das mães”.




Dias únicos que nunca esquecerei!

Sim,tenho saudades!...



O último 1-º ano que leccionei

segunda-feira, setembro 07, 2009

Momento de Poesia com Paula Raposo


Olhas-me


Gosto quando me olhas
sorrindo
sem nada dizeres,
tocando o meu corpo
e procurando o meu beijo.

Gosto desse teu sorriso
que eu saberia reconhecer
em qualquer lugar,
no meio de todos os outros
sorrisos
que não distingo.

Gosto quando me olhas
e os teus olhos
também me falam de paixão.


Paula Raposo

Foto: anazus

domingo, setembro 06, 2009

A ministra da Guerra



A ministra da Educação parece ter por certa a vitória do PSD nas próximas legislativas e fala já no futuro das políticas educativas de Ferreira Leite: "Paz com os professores vai sair muito cara ao país", augura ela catastroficamente no "Diário Económico". O discurso bélico de Maria de Lurdes Rodrigues deixa perceber o modo como entendeu o seu papel político no governo de Sócrates, o de ministra da Guerra aos professores.
Nem, porém, os bombardeamentos maciços a decreto-lei ou os flanqueamentos por despacho resultaram e, cercada de descontentamento por todos os lados (o próprio Sócrates reconheceu os "erros" do processo de avaliação), a ministra dedicou os últimos tempos do mandato a tácticas clássicas da complexa arte das guerras perdidas, manobras de diversão e recuos estratégicos, tudo para, como diz, "poupar" o país aos malefícios da paz e do consenso educativos. O PS optou por escondê-la durante a campanha eleitoral porque constatou que o invocado país não aprovou afinal a guerra da ministra e se mostra disposto a pagar o que for preciso, até eleger Ferreira Leite, para se livrar dela.


Manuel António Pina
JN – 02/09/2009

sábado, setembro 05, 2009

Pausa

Desta vez não levo o pc. Estarei ausente dos vossos "cantinhos".

Até breve!



Foto:fotologs.net

quinta-feira, setembro 03, 2009

Estive lá. Valeu a pena!


O FIESA, é uma mega exposição de escultura em areia que se realiza desde 2003 em Pêra, no Algarve. O festival, que é único na Península Ibérica é considerado o maior festival de escultura em areia do mundo, pelo tamanho das suas esculturas e pela área por elas ocupada. Todos os anos a exposição é dedicada a um tema diferente.Este ano, uma equipa internacional composta por cerca de 50 escultores especialistas em escultura em areia, transforma quinze mil metros quadrados e trinta e cinco mil toneladas de areia no FIESA 2009 – DESCOBERTAS, proporcionando ao visitante uma viagem fabulosa através do tempo e da história da evolução da Humanidade. As Descobertas desde os tempos da Pré-História, passando pela Idade Média e Moderna, até às grandes conquistas da actualidade através da ciência e da tecnologia, revelam um extenso mar de conhecimento onde o Homem surge como vértice.

(http://pt.anuncioo.com/musica-e-espectaculos/saidas/exposicoes-museus/faro/armacao-de-pera/fiesa-2009-2359950)




Vídeo:meu

Fotos:minhas

quarta-feira, setembro 02, 2009

Sabedoria Popular

Alguns

de Setembro

Arranja bom Setembro que com a burra te fico eu.


No pó semeia que Setembro te pagará.


Para vindimar, deixa Setembro acabar.


Se acaso em Setembro a cigarra cantar, não compres trigo para o vir a guardar.


Em Setembro, andando e comendo.


Em Setembro ardem os montes e secam as fontes.


Setembro sempre matou a mãe à sede.


Setembro é o Maio do Outono.


Em tempo de S. Mateus vindimam os sisudos e semeiam os sandeus.


Se não chover pelo S. Mateus, faz conta com as ovelhas, que os borregos não são teus.


Em Setembro lavra, semeia e colhe que o mês é para tudo.


Setembro molhado, figo estragado.


Em tempo de perdizes tanto mentes como dizes.


Em Setembro abalam as merendas e chegam os serões .

terça-feira, setembro 01, 2009

Origem do nome do mês de Setembro




É o nono mês do ano no Calendário Gregoriano, tendo a duração de 30 dias. Setembro deve o seu nome à palavra latina septem (sete), dado que era o sétimo mês do Calendário Romano, que começava em Março. Na Grécia Antiga, Setembro chamava-se Boedromion.
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