sábado, fevereiro 26, 2011

Um olhar


As gotas da chuva são diferentes das que caem de uma bica, matando a sede a quem passa. São como lágrimas de dor, libertas dos grilhões do sofrimento, soltas em liberdade finalmente consentida...

Foto minha

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

IX Expocamélia Santo Tirso 2011

Nos espaços verdes de Santo Tirso, por esta altura do ano, destacam-se, pelas suas cores, formas e beleza, as inconfundíveis camélias.

Neste tempo de Inverno, em que a maior parte das espécies florais se queda adormecida, eis que as camélias irrompem com todo o seu esplendor cobrindo de um colorido invulgar muitos jardins, parques e quintas deste concelho.

Neste ano, Santo Tirso realiza a 9-ª edição desta maravilhosa festa. Os dias 19 e 20 de Fevereiro têm um significado especial para nós, e para aqueles que acreditam que este evento, para além das múltiplas valências culturais associadas, é,cada vez mais, um espaço de interacção e de troca de experiências, na defesa e promoção de um recurso regional de excepção.

As camélias, com tonalidades e nuances que só o arco-íris contém, que foram musas de Alexandre Dumas e no Brasil do século XIX símbolo da abolíção da escravatura, são hoje, do outro lado do Atlântico, o motivo que nos une nesta grande festa.

Bem Vindos a  Santo Tirso e ao mundo das Camélias

Câmara Municipal





Fotos minhas

domingo, fevereiro 20, 2011

Momento de Poesia com Agostinho Fardilha

António Serrão De Castro (ou Crastro)

(1610 – 1685(?)
“Pertenceu à Academia dos Singulares. A sua poesia é essencialmente satírica, jocosa e burlesca.
O Santo Ofício, sempre de afiados dentes, rangedor, não levava a bem as brejeirices deste cristão – novo. Tanto o perseguiu que acabou por o reduzir à mendicidade e a metê-lo dez anos na cadeia.
A sua obra perdeu-se, restando, apenas, o poema Os Ratos Da Inquisição”.

Inspirando-nos no seu poema, vamos homenageá-lo com
A CASA DA INQUISIÇÃO

            I
Casa de má qualidade,
bem cheia de predadores
e de falsos pregadores.
Ali vive a falsidade,
também a rapacidade.
Os moradores são ratos:
uns, mentirosos beatos;
outros e mais numerosos,
bichinhos mui asquerosos,
fruto dos bárbaros tratos.

            II
Os primeiros, anafados,
de tanto os outros roubar,
de muito os espezinhar.
Os segundos, desgraçados,
constantemente espancados,
de tudo os espoliaram
e a alguns a vida tiraram.
Porém, que crime era o seu?
Ter em si sangue judeu?
Esta Pátria sujaram!

            III
Os “Grandes”, com seus pespontos,
são óptimos alfaiates,
sabem fazer bons remates,
tapar buracos com pontos
depois de roubar os contos
que eu tinha no meu bornal.
Ordenou o “ Principal”
o que os lacaios fizeram.
Minha vida não quiseram,
mas foi primeiro sinal.

            IV
Meu ser é velha farpela:
de dia remendos ponho,
de noite com eles sonho;
de repente uma “cadela”,
escapando-se da trela,
descose o trabalho meu:
rasgado, nem pareço eu.
Mas o que hei-de fazer
para com todos viver
debaixo do mesmo céu?

            V
Arrebatado – e sem norte –
pelas unhas dos ratões,
disse para os meus botões:
vou tentar a minha sorte
p’ra escapar à triste morte,
propondo-lhes que metade
da minha fertilidade
ficaria para eles.
foram mentirosos e reles.
Roubaram tudo à vontade.

            VI
Que bom seria a vingança
p’ra saldar o prejuízo
aos trapos, meu paraíso:
poria em abastança
os ratos de boa pança
numa canastra de gatos
com fome e nada pacatos.
Escondido ficaria
a ouvir a gritaria
dos tratantes clericatos.

            VII
Que fizeram os cristãos – novos
para terem esta sina?
P’ra fradalhada, a latrina;
escárnio de outros povos;
pitéu dos malvados “corvos”!
Meus escritos destruíram
o que os Céus construíram:
minha vida. Na prisão
estive e por galardão
co’a cegueira me feriram.

            VIII
Dez anos há quem espere
viver, fechado, sem luz,
o chão, querido Jesus,
com sujo aido confere?
Quem o viu também refere
haver água p’la cintura,
os dejectos com fartura,
a fome colando as tripas.
Arrancaram as farripas,
mas a mente ainda dura!

                        IX
Deus livrou-me do garrote
e da procissão até
à fogueira. Da ralé
o ruído brejeirote
fere – me como um chicote.
No mundo pouco vivi;
só aos pobres eu pedi.
Quando eu na rua passava,
o povo até me insultava:
Eh! judeu, fora daqui

                        X
Quem me dera que esta boda
p’ra eles tivesse fim
e que o castigo, enfim,
tivesse má sorte toda
através de dura roda.
Porém, os ratões à Morte
tomaram –na por consorte.
Tudo lhes corre à feição.
Usam a religião
p’ra dos roubos o suporte.

Vocabulário
ratos= supliciante e supliciado
grandes= dirigentes do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição)
pespontos= ponto de costura
Principal = dirigente – mor do Tribunal do Santo Ofício
Cadela = oficial da Inquisição
norte = rumo; desnorteado(sem rumo)
ratões = oficiais da Inquisição
fertilidade = riqueza
“Corvos” = apelido pejorativo de clérigo inquisitorial
confere = estar conforme
farripas = cabelo raro
roda = instrumento de suplício

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

Foto: internet

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Um olhar


A viçosidade, roupagem e calma do verde, protegendo a nudez do Inverno.

Foto minha

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Um olhar


A gaivota, parecendo calma e pensativa enriquece e ameniza a paisagem corrompida pela frieza do betão.

Foto minha

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Li e gostei



Tenho cabelos claros, pintados para escurecer os fios brancos.


Não me recordo exactamente em que ano eles começaram a branquear...


Tenho algumas rugas em volta dos olhos, mas também não me recordo quando elas começaram a aparecer.


(...) Das minhas unhas cuido semanalmente, penso que elas são um cartão de visita. Unhas mal tratadas causam uma péssima impressão!


Do corpo, quase não cuido, só recentemente entrei para uma academia por ordem médica.


(...) Enfim, os meus anos passaram e as marcas que eles deixaram , não tenho como conter. Nem pretendo isso!


Acredito que cada marca, que meu corpo carrega, tem uma linda história.


Às vezes na frente do espelho ao descobrir uma nova ruguinha fico pensando o que a causou.


(...) Poderia enumerar também a história de cada fio de cabelo branco. Foram filhos, amores, marido, amigos que os colocaram  ali.


Não me quero desfazer de nenhuma dessas marcas, apenas amenizá-las. Acho que mereço isso. A vida me deve isso.


Actualmente a parte que merece mais a minha atenção, é a cabeça.


Tento todos os dias, colocá-la no lugar, equilibrá-la, alimentá-la com sonhos e alegrias.


(...) Não escondo a minha idade. Passei os sessenta. Parte deles muito sofridos, outros bem vividos.




Mas é exactamente aí que está o encanto da minha idade. Conheci de tudo um pouco, das lágrimas aos sorrisos e ambos me fizeram ser essa pessoa que sou hoje.


Ficaram as rugas no rosto e na alma, mas também os sorrisos em ambos(...).

(Adaptado)




Foto minha

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Um olhar


É Inverno.
O ciclo repete-se.
A copa despida, qual ninho entristecido pela solidão, estende os seus braços como que  a anunciar que, em breve, estará renovada, pronta para albergar novamente os pardalitos que, ao entardecer retornam ao aconchego do lar, alegrando com seus chilreios, quem por ali passa.

Foto minha

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Um olhar


Marcaram uma época.
Adorna a casa da minha irmã mais nova.

Olhando-a, ouço um "slow" dos anos 50 e imagino-me rodopiando num salão.


Foto minha

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Momento de Poesia com Agostinho Fardilha




Festejamos, neste mês, os que a Deus
estão consagrados: sede os mais pios!
vale menos contraditar ateus
e muito mais converter os gentios;
rogai-Lhe p'ra vós os auxílios Seus
e à Virgem Maria que os arredios,
incluindo os que vão dizer adeus,
rezem, pedindo p'ros seus desvarios
o indulto dos Divinos Poderios. 

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra)

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