Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Foto:internet
4 comentários:
Recordo as comemorações do dia da Árvore, em que as crianças cantavam a canção "Uma árvore um amigo".
Bela poesia de Florbela Espanca!
Escolha acertada para assinalar a data!
Paraece um grito bem actual!
Este poema dedicado à Árvore ela é muito bonita bambém, gosto, as palavras são lindíssimas e tudo bate em harmonia em relação à árvore na realidade...bom reflexo amiga.
Abraços
Persida Silva
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