quinta-feira, novembro 26, 2009

A 26 de Novembro de 2006 morreu Mário Cesáriny, escritor e pintor português


De entre a sua vasta obra poética destaco um poema que gosto.


Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Foto:internet

7 comentários:

Cristina Fernandes disse...

Como hoje interpreto este poema duma forma diferente, de quando o li pela primeira vez: "toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu..." - esse é o encanto da poesia.

Coloquei no meu blogue um pequeno jogo, espero que goste.

Um beijo
Chris

Just Me...S disse...

Este não conheço miga!

beijoca doce

Diogo disse...

Olá Elisa
Agradeço a sua visita.
Também irei ao seu blogue com mais tempo, porque gostei do vi e ainda mais do que li.
Saudações
Diogo

~*Rebeca*~ disse...

Esse poema é bem certo. Se perder e se encontrar... só com a pessoa que isso acontece ao mesmo tempo.

Voto computado e agradecemos, viu!

até mais.

Jota Cê

Anónimo disse...

É ou não um privilégio ter poetas assim e quem, publicando os seus poemas, reforce o mérito e bom gosto da poesia portuguesa?!

Saudações

mfc disse...

Um poema em que a extrema sensibilidade se entrelaça com uma enorme ternura.
Lindo!

Anónimo disse...

Já vai atrasado, mas não deixo de comentar.
Este poema tão fino e delicado fez-me recordar Florbela Espanca. Porquê?
Esta mulher dizia:
"Preciso tanto de ser embalada devagarinho...suavemente.como uma criança pequenina, sonhando de olhos fechados, num regaço carinhoso e quente!..."
Este poema penetra em nós ,pois é tal a sua veracidade de sentimentos, que no momento que o li senti-me" também embalada neste cruzamento de sensações" que como diz o poeta:
« Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco...»
«...que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura...»
Este poema tem beleza . Não se limita a deixar o leitor feliz, mas é uma surpresa. Ele quase que nos tira a respiração por alguns momentos.
Esta Beleza, só não a sente quem não tiver sensibilidade.
Quem não sabe o que é o amor?
Quem não deseja ser sempre amado?

Mas termino com uma interrogação:
Há uma definição única para o Amor???

« Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco»

Dou um conselho: não tenteis agarrar o Amor, pois ele é como o mercúrio na mão. Deixe a mão aberta , e ele permanecerá; agarre-o firme, e ele escapará.

Se somos capazes de amar, também seremos capazes de ser amados.
É tudo uma questão de tempo.
(Paulo Coelho)
Parabéns, mais uma vez a quem escolheu este poema, pois o AMOR é fonte de vida!!!
Beijinhos.

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