segunda-feira, maio 17, 2010

Momento de Poesia com Agostinho Fardilha


Diogo Bernardes

(1530 (?) – 1605)

É conhecido pelo “poeta do Lima”, em cujas margens nasceu e passou grande parte da sua vida.


“Exceptuando Camões, Diogo Bernardes é talvez, do ponto de vista formal, o cume mais alto atingido, em Portugal, pelos padrões estilísticos italianos”.


Recordemo-lo com este

Soneto

Ó límpidas e frescas águas do Lima,
ó verdes prados, onde vacas e bois
se deleitam. Vós testemunhas sois
dos meus cuidados e da profunda estima


pelo nobre D. João, que Deus tem.
Amava o povo e no seu coração
queria que o filho Sebastião
dilatasse o Império mais além.


Com Rei estive em Alcácer – Quibir.
Ele morreu e eu, em cativeiro
doloroso, fiquei por quatro anos.


São lembranças para sempre carpir…
Mas no meu túmulo ponham o letreiro:
“ a intolerância é fonte de danos”.


Obs: respeitei a estrutura de sonetos do Poeta:
(abba cddc EFG e fg)


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

15 comentários:

Adelaide Mesquita disse...

Já não me lembrava mas parece que lá pelo meu 5º ano estudei alguma coisa acerca deste poeta.
Mas com a habilidade do teu Pai para a poesia, fiquei mais esclarecida sobre ele.
Parabéns ao Dr.Fardilha!
Manda-lhe um beijinho por mim e diz-lhe que gosto muito de ler a poesia dele.
Beijinhos

Maria Luisa Adães disse...

Elisa

O soneto começa com uma "Chave de Prata", espraia-se nos corações e
quando termina,
se fecha com uma "Chave de Ouro".

Este é o verdadeiro Soneto - O teu
Soneto!

Parabéns!
Obrigada por tua visita.

Com ternura,

Maria Luísa

A Magia da Noite disse...

muito bonito.

Anónimo disse...

É recordado neste soneto uma "passagem significativa" da História de Portugal.
Prestando homenagem a Diogo Bernardes
o nosso amigo Dr.Agostinho Fardilha consegue recordar «anos inesquecíveis» para os portugueses

Inicia o seu soneto,
com um cenário de beleza natural,e com a aplicação de adjectivos, que mais realçam a natureza:

«Ó límpidas e frescas águas do Lima,
ó verdes prados...»

e como se não bastasse,origina em nós uma sensação perfeita do campo, utilizando seres vivos

«vacas e bois onde se deleitam», conseguindo assim dar o perfil do «poeta do Lima» que nos fala em discurso directo:
«...Vós testemunhas sois dos meus cuidados...»

Com a exteriorização de sentimento
«...e da profunda estima...»
salta para a segunda quadra duma forma respeitadora
«pelo nobre D. João, que Deus tem.»

Continua com uma«fiel retrato» de D. João, através da utilização dos verbos no Imperfeito do Indicativo
que mais realçam o «nobre rei»
«Amava o povo...
queria que o filho...»

Utilizando agora o Conjuntivo dá continuidade ao seu anseio. Que seu filho Sebastião

«dilatasse o Império mais além»

Ora todos sabemos que D. Sebastião apenas com vinte e quatro anos, vai para Alcácer- Quibir, aventurosamente, e jamais se soube dele.
Ficou sim a ser «Desejado» por todos ( jamais apareceu).

No primeiro terceto o poeta descreve poeticamente este acontecimento atrás referido duma maneira muito real e dolorosa:

«...em cativeiro fiquei
doloroso, fiquei por quatro anos.»

Há assim um descrever da realidade que é triste e lamentável.
Graves consequências para o nosso país.
Portugal não esquecerá nunca:

«São lembranças para sempre...»

Todo o poeta deve deixar-nos uma mensagem. Ei-la:

«" a intolerância é fonte de danos".»

Mais uma vez e poeticamente se narrou um facto verídico da nossa história.

Gostei imenso.
Parabéns, Dr. Agostinho.
Obrigada pela valiosa partilha e pela sua mensagem: pertinente e bem acertada para todos os tempos .

Elisa, para ti mais uma vez um abraço de parabéns pelo teu pai querido e pelo grande poeta que é.

Beijinhos.

Nilson Barcelli disse...

Mais um bom soneto do teu pai.
E quantos não terás ainda para publicar...
Querida amiga, boa semana.
Beijo.

Savi disse...

Olá Elisa
Parabéns para o seu pai e também para si que orgulhosamente nos dá a conhecer o grande poeta que tem a seu lado.
Beijinhos,obrigada pelas visitas e desejo que tenha uma tranquila noite.
Savi

lis disse...

Se me lembro li alguma coisa de Diogo Bernardes- leio muito os poetas portugueses;
Seu pai é excepcional, um poeta de primeira.
Parabéns Elisa. Ele é teu orgulho, com certeza.
abraços, boa semana

Cândida Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cândida Ribeiro disse...

Olá Elisa

Grande o poeta o teu pai que nos brinda com este lindo soneto.
Recuar no tempo e relembrar a história....muito belo!

beijinhos

Graça Pereira disse...

Querida Elisa
Com sabor épico...este belo soneto do teu Pai....que nos recorda páginas da nossa História... Parabens ao Poeta e a ti...por este post magnífico.
Beijo
Graça

Paula Raposo disse...

Obrigada por mais esta partilha!
Beijinhos.

Rafael Castellar das Neves disse...

Como acho complexo escrever entre regras e métricas...e você o fez muito bem!!

Abraço,

Rafael

artes_romao disse...

boa tarde,td bem?
mais um belíssimo post.
gostei deste soneto,parabéns.
fica bem,jinhos***

Rita disse...

Olá!
É sempre com prazer que leio os poemas do teu pai! Parabéns ao pai talentoso que tens.
Bj
Mena

Há.dias.assim disse...

Foi bom passar por aqui.
Voltarei!

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