Guilherme de Azevedo
(Guilherme Avelino Chave de
Azevedo)
(1840- 1882)
“Encarnou, como poeta, o novo “
realismo” citadino do satanismo baudelairiano.
No ano de 1871 funda um jornal, o
ALFAGEME, no qual defende as ideias revolucionárias da Comuna de Paris, o que
provoca um escândalo. Esse seu espírito revolucionário aproxima-se então da
Geração de 70 na fase do grupo do Cenáculo e das Conferências do Casino. Fez
uma importante carreira de jornalista, impondo-se também como poeta, com a
publicação de A ALMA NOVA, obra dedicada a Antero de Quental.
Analisando a sua obra juntamente
com as ODES MODERNAS de Antero e A MORTE de D. JOÃO, de GUERRA JUNQUEIRO,
podemos considerá-lo criador de uma” revolução sentimental”, enquanto JUNQUEIRO
seria criador de uma” revolução moral” e ANTERO de uma “revolução religiosa”.
Na sua obra de poeta exprime um
certo realismo, pretendendo “colher a flor do realismo nas coisas triviais, com
marcas de parnasianismo e já pré – simbolista, de que Cesário Verde será o mais genial criador.
Recordemo-lo com duas composições
poéticas, respeitando a estrutura que utilizava e os ideais que
defendia.
I
O meu sonho
Teu olhar me encantou, ó mulher depravada.
Uma vida a dois, sempre feliz, desejei.
Para despedaçar o que resta do nada,
em mim, já odiento fogo alimentei.
Mas oxalá que a morte desfaça esse sonho.
Ele roubou-me a paz como um cruel bandido
faz. De alegre tornei-me num ser mui tristonho.
De mim ou ti a culpa teria partido?
Deveria amarrar este fatal Amor
como fizeram aos réus da negra Inquisição
e depois atirá-lo ao Hades bramador,
onde p´ra sempre vive ódio e maldição.
Parei no tempo e quero ainda recordar
os agradáveis, embora falsos, juramentos
em que me prometias para sempre amar.
Acreditei e assim aumentei os meus tormentos.
II
Ser revolucionário
Dizem que sou revolucionário:
que critico a vivência actual,
considerando-a muito banal
e própria de um ser ordinário.
Respeito pelo igual não é calvário;
auxiliar um pobre é um sinal
da bondade oxalá universal:
revolução moral sem adversário.
Aceito o procedimento moral,
mas este coração quer muito mais:
lealdade: outra ordem sentimental.
Benvinda a alteração religiosa,
acabando com crenças marginais,
limpando a devoção mais nebulosa.
Agostinho Alves Fardilha(o meu pai)
Coimbra
17 comentários:
Boa noite Elisa
É a primeira vez que aqui venho, via Pontos de Vista e fiquei encantada com a poesia do seu pai. Feliz acaso, o ter passado por aqui.
1 beijinho
Notável e intemporal. Não conhecia o autor.
Os meus agradecimentos a papai!
Beijo
Mais um momento poético que adorei, para além de ficar a conhecer o percurso deste poeta.
Um apontamento pedagógico que me enriquece.
Beijos Elisa
Lindos momentos bem perpetuados! beijos,ótimo dia! chica
Adorei o primeiro poema, não conhecia. Por isso é que digo sempre que estou sempre a aprender por aqui.
Já há muito que não vinha aqui...pior para mim que perco estas coisas fabulosas e enriquecedoras que sempre encontro neste espaço.
Obrigada ao teu Pai por esta bela partilha e a ti, peço desculpa pelo meu silêncio.
Um beijo carinhoso pela tua amizade.
Graça
Um poeta a estudar.
Gosto muito!
O teu paizinho tem tanto a ensinar.
Obrigado pela lição e pela poesia.
um beijinho extensível ao pai.
Excelente poema....
Cumprimentos
Não conhecia nada de Guilherme de Azevedo, devo confessar... mas gostei destes dois momentos que o teu pai nos proporcionou.
Beijinhos
Olá Elisa!
Este poeta passou-me ao lado!Sou sincera.
Gostei de ler a tua informação e então dos poemas do Sr. Agostinho pai, nem se fala!!! Parabéns aos dois por estes bons momentos de leitura.
Abraços.
M Emília
Ola Elisa,
conhecendo mais um maravilhoso poeta português. Seu agostinho nos presenteia sempre com belas poesia.
Bjos e tenha um ótimo fim de semana.
Gosto muito....
Gosto muito....
Desconhecia o autor.
Um abraço
Oi Mlisa
Minha página hoje é de voces! rs
Bom ler novos poetas pelo bom gosto de leitura do seu pai,
Obrigada Sr.Agostinho
abraços
Gostei.
Saudades de Coimbra a que tanta, tanta, tanta coisa me liga...
beijo
Pai encantador
que deixou a esta filha
mais do que uma herança
Deixou o Amor!
Maria Luísa
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