“Quando te sentires perdida, confusa, pensa nas árvores, lembra-te da forma como crescem. Lembra-te de que uma árvore com muita ramagem e poucas raízes é derrubada à primeira rajada de vento, e de que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raizes e pouca ramagem. As raizes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e de frutos. E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar”
Passados 42 anos, revisitei o Penedo da Saudade, em Coimbra, e sofri uma desilusão... O lugar encantador, fonte de inspiração para tanto poeta, do qual guardo recordações inesquecíveis, encontra-se neste estado de abandono.
As Tasquinhas, feiras consagradas à gastronomia regional, abundam de norte a sul, durante todo o ano. Gosto de as visitar, apreciando as suas diversas barraquinhas com suas especialidades e cheiros característicos, apenas parando nas dos doces e queijos.
“ Nasceu, em Leiria, a 1579 ou 1580 e faleceu a 1621. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Dos discípulos de Camões, é o Poeta com mais originalidade e mais consciência dos padrões estéticos a que visava. Algumas das suas obras exercem um papel importante na formação do estilo barroco peninsular, sem, por outro lado, deixar de ser uma personalidade muito característica da escola camoniana. Ele pode, porém, ser considerado como poeta- ponte entre o classicismo quinhentista e o cultismo e conceptismo seiscentista”.
Vamos lembrá-lo com
I – Soneto
II – Cantiga
III- Endechas
(Solilóquios de F.R.Lobo)
I-Soneto Que saudades do tempo de outrora: com as Ninfas do Mondego eu falava; sentado em rochedo desabafava, abrindo o coração, onde Ela mora. Pedia que falassem sem demora das manhas que às vezes o Amor usava, pois, quando junto d’Ela suspirava, incomodada, ia-se logo embora. Por que Amor esconde tantos segredos, acatando eu suas estranhas leis? Que Amor devo escolher ou desejar? Do meu peito saem ais e não folguedos; no meu rosto só tristeza vereis. Cuidados meus, Ela alguém quer amar? II – Cantiga
Mote
Olhei, vi-te a tomar banho nas águas frescas do Liz. Meu Deus, fiquei tão feliz que até de falar me acanho. Voltas
Teu vestido era decente. Porém, colado ao teu corpo, vendo-o, fiquei absorto, como que do mundo ausente. Olhai Vénus, com assanho, por tais raras perfeições, dos pés às tuas feições. Assim, já puco me acanho. Minto, se te não disser que teu corpo desejei. Perdão, meu Deus, eu pequei. Fizeste homem e mulher: o meu pecado é tamanho? Por que lhe deste beleza, que faz de mim sua presa? Ora, de nada me acanho. III – Endechas Jamais eu tive paz. Negou-ma a Inquisição pela filiação, qual ferrete tenaz. Filho de cristão – novo, de mim desconfiavam, mesmo os que me estimavam: éramos outro povo.
Até alguns da nobreza, camaradas de estudo, que me dvem o canudo, p’a mim foram surpresa. No mundo reina o ódio, inveja literária, cobiça temerária, tendo o mal seu custódio. E os temas morais? Mui poucos os valorizam. Belas – artes minimizam. Que reveses há mais? Foi-se a independência: quem governa é a Espanha. Da Inquisição a sanha foi do povo a demência! Nunca pude escrever o que a alma sempre quis. Ora vou p´ro meu Liz, onde espero morrer.
Para uns uma iguaria, para mim uma repulsa. Com o despontar do tempo quente, as esplanadas enchem-se de massas anónimas de pessoas que se deliciam com este "rastejante", "encharcando-o" com "umas cervejinhas". Prefiro vê-los, como estes, no seu habitat.