segunda-feira, junho 15, 2009

A cidade do Porto vista por alguns escritores portugueses




“ O Porto é o lugar onde para mim começam as maravilhas e todas as angústias”
(Sophia de Mello Breyner)


“Se na nossa cidade há muito quem troque o b por v, há quem pouco troque a liberdade pela servidão”.
(Almeida Garrett)

“ O portuense não gosta de Lisboa. Não gosta da polícia. Não gosta da autoridade. Da autoridade vingam-se, desprezando-a. Da polícia vinga-se resistindo-lhe. De Lisboa vinga-se, recebendo os lisboetas com a mais amável hospitalidade e com a mais obsequiada bizarria”.
(Ramalho Ortigão)

“ E quanto ao riso, o Porto gosta de rir com uma certa insolência: ri mais desbragadamente, mais primariamente, mais saudavelmente e com mais gosto do que Lisboa”.
(Vasco Graça Moura)

“ Afinal, o Porto, para verdadeiramente honrar o nome que tem, é, primeiro que tudo, este largo regaço aberto para o rio, mas que só do rio se vê, ou então, por estreitas bocas fechadas por muretes, pode o viajante debruçar-se para o ar livre e ter a ilusão de que todo o Porto é a Ribeira.”
(José Saramago)


“ Toda a cidade, com as agulhas dos templos, as torres cinzentas, os pátios e os muros em que se cavam escadas, varandas com os seus restos de tapetes de quarto dependurados e o estripado dos seus interiores ao sol fresco, tem toda ela uma forma, uma alma de muralha.”
(Agustina Bessa Luís)


“Lisboa inveja ao Porto a sua riqueza, o seu comércio, as suas belas ruas novas, o conforto das suas casas, a solidez das suas fortunas, a seriedade do seu bem estar. O Porto inveja a Lisboa a Corte, o Rei, as Câmaras, S.Carlos e o Martinho. Detestam-se!”
(Eça de Queiroz)


“ Uma ida ao Porto é sempre uma lição de portuguesismo, tanto mais rica quanto mais raramente lá se vai. É indispensável – claro!-um mínimo de contacto reiterado com esse lar da nação para nele vermos algumas das significações latentes que enriquecem a nossa consciência de práticas.”
(Vitorino Nemésio)

“ O Porto não é em rigor uma cidade: é uma família. Quando algum mal acomete, todos o sentem com a mesma intensidade; quando desejam alguma coisa, todos a desejam ao mesmo tempo. Os portuenses são tão ciosos da integridade da sua cidade, como os portugueses em geral na integridade da nação.”
(João Chagas)

“ O Porto ergue-se em anfiteatro sobre o esteiro do Douro e reclina-se no seu leito de granito. Guardador de três províncias e tendo nas mãos as chaves dos haveres delas, o seu aspecto é severo e altivo, como o de mordomo de casa abastada.”
(Alexandre Herculano)


Foto: JoséPedrosa


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