quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Li e gostei




(...) Pela primeia vez, compreendo o que significava a inexistência do corpo e da alma. Senti um vazio na barriga. Tinha náuseas, mas também estava zangado. Só de pensar que um dia eu vou desaparecer para sempre, não por uma ou duas semanas, quatro ou quatrocentos anos, mas para toda a eternidade, fico furioso.
Que aldrabões! Primeiro oferecem-nos o mundo e dão-nos rocas e combóios para brincarmos. Depois mandam-nos para a escola no Outono. No momento seguinte riem-se de nós e dizem:"Vocês foram enganados!", e arrebatam-nos o mundo das mãos. Sinto-me desamparado.Não tenho nada a que me agarrar. Nada pode salvar-me. Eu não perco apenas o mundo. Perco tudo e todos de quem gosto. Perco-me sobretudo a mim próprio.
E, num ápice, deixo de existir.


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