Poesia do Século XVII
A Poesia Lírica Cultista e Conceptista
O cancioneiro barroco: a” Fénix Renascida” e o” Postilhão de Apolo”
Chegamos ao fim da” viagem” com o poeta
Jerónimo Baía
Ao Menino Jesus
Adão e Eva pecaram,
desobedecendo a Deus;
os males, incluindo os meus,
ao Pai Eterno rogaram
que tivesse piedade
dos Seus filhos penitentes,
de maldades sempre utentes.
Ele ouviu a Humanidade.
Resolveu gerar um Filho
numa Virgem imaculada,
desde sempre consagrada
a Deus com todo o Seu brilho.
Neste mundo ficará
enquanto aqui vida houver.
A Hóstia, como esmoler,
no Sacrário estará.
Já na infância a todos deu
bênção e amor infinito.
Fez amizades n’Egipto,
onde alguns anos viveu.
Ajudava o pai terreno
na arte de carpinteiro;
e gravava no madeiro
a missão do Nazareno.
Morto Herodes, regressou
com os Pais a Nazaré.
Sua vida ignorad’é:
mas futuro preparou.
É tempo de catequese:
lá vai Ele p’la Judeia;
os atalhos calcorreia,
buscando quem O despreze.
Jesus, p’ra te conhecer
tenho de olhar para dentro
de mim. Se estiveres no centro,
Contigo passo a viver.
Inveja e ódio à morte
Te condenaram. Mas ela
tu derrubaste qual vela
desfeita p’lo vento Norte.
Meu Deus- Menino és do Padre
Trino obra divina e humana,
fizeste uma Caravana,
cujo guia é tua Madre.
Diáfano Lampadário,
és farol das nossas vidas.
Com doçura nos convidas
a seguir o Teu calvário.
Vocabulário:
brilho=esplendor
esmoler=dádiva
caravana=Igreja
Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra