quinta-feira, dezembro 31, 2009

Mensagem de Fim de Ano


“Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui p’ra diante vai ser diferente.”

Carlos Drummond de Andrade



Imagem:Dreamstime

terça-feira, dezembro 29, 2009

Momento de Poesia


Acreditar


Acredito em todas as crianças

Acredito em alguns adultos
mas desses acredito em todos os que acreditam nas crianças.

Acredito no amor
e em todas as formas de que ele se veste e escreve
escondido num sorriso pendente num ramo de árvore
vestido de pequeno bicho que pára e nos olha do campo.

Acredito na verdade
embora haja muitas verdades
e nunca saibamos bem qual delas é de quem
ou de qual ou até mesmo para que serve.

Acredito na justiça
e no que ela separa de bem e de mal
e naquilo que ela serve para que o bem ajude o mal
porque de verdade nunca ninguém permanece sozinho
abandonado em apenas um dos lados

Acredito na paz
é a arma mais forte que existe
porque com ela tudo
emesmo quando ausente dos gestos diários
escondida mesmo desaparecida e combate
ela há-de voltar pois é coisa absolutamente incontornável

Acredito na alegria
um bom dia de sol
uma música suave e terna
momentos de silêncio os nossos segredos
quando parece que o mundo fica sem mexer à volta

Acredito no abraço
de uma mão quando procura outra
e com ela fica junta terna quente
as festas que mais ninguém sente
quero essa pele qualquer pele
da mais lisa branca à mais escura ou rugosa

Acredito nos olhos
no que sempre dizem
porque os olhos nunca mentem
são sempre verdadeiros
falam de coisas que por vezes a alma não fala
pois não sabe não aprende ou
simplesmente porque não estão ainda inventadas
todas as palavras que dizem o que sentimos

Acredito na vida
ela é como as estações
mesmo depois dos dias de mau tempo
a primavera há-de voltar sempre diferente
por vezes inesperada ora precoce ora tardia
porque por cima das nuvens a luz continua a brilhar

Acredito que nada começa e nada acaba
não há definitivo
pois tudo se recompõe deixa correr
e há nas coisas um sentido que não se explica
se explicasse deixava de fazer sentido
e vida sem mistério não é coisa que se viva

Acredito que nenhum sofrimento é sem destino
e que tudo quanto é mais difícil agora
terá uma qualquer recompensa amanhã
porque acredito que no fim nem que seja mesmo só aí
a vida é como um filme de final feliz

Acredito que muitas vezes deixamos de acreditar
há coisas injustas ou más ou feias demais
para não conseguirmos evitar dizer é mentira
isto não devia estar a acontecer

Acredito que é possível voltar a acreditar

Só não acredito na morte
como um passo sem retorno
é verdade que todos continuam vivos
luz na memória dos outros
enquanto baterem à porta do coração.


Pedro Strecht
Foto: Suzana Fardilha(anazus)


segunda-feira, dezembro 28, 2009

Li e gostei




"O amor é, de todas as paixões, a mais forte, pois ataca simultaneamente a cabeça, o coração e os sentidos."

Voltaire



“Um abraço sempre conforta, quando temos a certeza de que há um pouco de nós em quem abraçamos.”

André de Moraes


Foto minha

domingo, dezembro 27, 2009

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Parabéns Mamã! Um beijo do tamanho do Mundo!


Mais um ano se passou. Andámos todos com o "coração nas mãos".
Ultrapassaste-o!

Hoje, estamos aqui todos reunidos, para festejar os teus 82 anos.

domingo, dezembro 20, 2009

Auto “um Presente divino”



Com o Auto “Um Presente Divino”, pretendemos imitar, modestamente, Gil Vicente, “único génio verdadeiramente dramático que Portugal teve”; “é o artista e escritor que dá a nota mais pessoal na literatura portuguesa”.


Deus


Mãos à obra: vou criar Céu e terra.
Tudo estará bem feito? Não e não!
Falta a arte que o Meu Amor encerra:
o homem, a quem darei o nome de Adão.
Irá habitar formoso jardim
com cheirosas flores e boa fruta.
Reservarei somente para mim
a árvore, no meio, impoluta.
É a árvore do conhecimento
do bem e do mal. Dela fugirás.
Mas Iavé, estando sempre atento,
queria vê-lo contente e em paz.
Da sua costela fez a mulher.
Olhou, sorriu e mostrou-se feliz.
O nome de Eva, se a ambos aprouver,
será e também do Mundo a raiz.



Serpente (Satanás), Eva e Adão

Bom dia. Como és formosa!
Queres maçã saborosa?
Aquelas, ali, são especiais.
Dessas não posso comer.
Tretas! ficareis, p’ra sempre, imortais.
Prova e o teu poder
oh! será imenso.
Comeu e ficou nua.
Ouviu-se da serpente a gargalhada.
Dele foi-se o senso
e a vergonha acentua;
tremendo, espera de Deus a chamada.



Deus, Adão, Eva e Serpente


Onde estás, ó Adão?
Estou de roupa vão.
Tenho vergonha de Ti.
Que fizeste, desgraçado?
Aquela maçã comi.
Por Eva fui enganado.
Ela acusa a serpente
de tanta maldade.
A ira de Deus sobre eles caiu:
vida dura presente
na Humanidade;
a serpente de peçonha feriu.



Deus, Pecado Original e a Virgem Maria


O homem a Deus desobedeceu.
Primeiro pecado ele cometeu.
É o pecado original.
Mas Iavé do homem teve dó
e logo esqueceu todo o mal.
E para que não ficasse só,
prometeu enviar o Messias Redentor,
que da “nova Eva”, chamada Maria,
de toda a mancha isenta por Deus,
cooperando o Santo Espírito Criador,
o Deus-Menino um dia nasceria,
cumprindo-se a promessa aos hebreus.




O Anjo S.Gabriel, a Virgem Maria e S.José



Salve, ó Maria, ó cheia de Graça,
diz Anjo à Virgem, judia de raça.
Alegra-Te, o Senhor Contigo está.
Maria, corando, perturbou-se:
nunca tinha ouvido esse dito cá.
Mas o Anjo logo adiantou-se:
não temas, Maria, vais ter um Filho;
O Pai será o Espírito Santo.
Dar-Lhe-ás o nome de Jesus.
Terra e Céu render-se-ão ao Seu brilho.
E tu, José, entoa a Deus um canto,
porque sob a tua guarda O pus.




Em Belém terminou a gravidez.
Maria, algures não teremos vez.
Entremos nesta gruta, diz José.
Vê, há manjedoura com palha.
Jesus nasceu. Sorriu. Os três, com fé,
louvam Deus-Pai, que logo atalha:
Maria e José, a Vós o Senhor
Seu Filho confia, enchei-O de amor.




Perto, nos montes, uns pastores
até da manhã aos alvores
vigiavam seus rebanhos.
Do Céu surge um exército de Anjos,
enchendo os ares de hinos tamanhos
com seus belos e afinados banjos.
Ide, correi depressa a Belém.
Nasceu Jesus para vosso bem.
Correram e encontraram o Deus- Menino.
Adorando, cantaram ao pequenino:



 

Cantiga paralelística
Com refrão


Refrão

 

(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).



I


Deus visitou a Terra. Noite feliz!
O homem pecou, mas Deus é brando Juiz.
(abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus –Menino veio morar cá).
Enviou Seu Filho para nos salvar
e das trevas eternas nos resgastar.
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus- Menino veio morar cá).



II


O homem pecou, mas Deus é brando Juiz.
Sua Morada vai ser nosso país.
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).
E das trevas eternas nos resgatar
prometeu. Ora, alegres, vamos cantar.
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).



III



Sua Morada vai ser nosso país.
Olhai p’r’Ele. Seu Amor sempre nos quis.
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).
Prometeu e, alegres, vamos cantar:
Deus é bom e nunca soube castigar.
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).



IV





Olhai p’r’Ele. Seu Amor sempre nos quis.
Veio o Filho e ninguém será infeliz.
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).
Deus é bom e nunca soube castigar:
Que Deus é este para só perdoar?
(Abriu-se o Céu e a Corte sorriu lá,
porque o Deus-Menino veio morar cá).




Vilancete


Mote

Cantai, ó Anjos, um hino,
louvai todos o Deus-Menino


Noite fria em Belém,
era noite de Natal.
Jesus, para nosso bem,
a nós se tornou igual.
E foi cumprida, afinal,
promessa do Pai Divino,
enviando o Deus-Menino.


Loas
(à Virgem Maria)






Maria, és a Aurora que anunciou
a vinda do Senhor.
És a Lua, que sempre nos guiou
até ao Céu nos pôr.
És o Sol, que de Deus recebe a Luz
e ao Filho nos conduz.





Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra



Foto:internet


sexta-feira, dezembro 18, 2009

Dossier de Recordações

É o último dia de aulas do 1-º período escolar.

Voltaram as saudades!

Folheei-o de novo e retirei de lá estas fotografias da participação da minha turma do 4-º ano (1997), na festa de Natal.








quinta-feira, dezembro 17, 2009

Mensagem de Natal






“A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio dos nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham na nossa caminhada pela vida.”


Autor desconhecido

Foto minha

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Momento de Poesia

Natal


Natal... Na província neva.

Nos lares aconchegados,

Um sentimento conserva

Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,

Como a família é verdade!

Meu pensamento é profundo,

Estou só e sonho saudade.


E como é branca de graça

A paisagem que não sei,

Vista de trás da vidraça

Do lar que nunca terei!


Fernando Pessoa



Foto minha

terça-feira, dezembro 15, 2009

A pobreza dos outros





O padre que, na infância, nos dava a catequese pregava a pobreza no púlpito mas, fora dele, tinha vinhas e senhorios e dizia-se que pagava as jornas mais avaras da região. Um dia em que apareceu com um carro novo, um Taunus azul escuro, o Américo, filho do taberneiro, pôs-lhe uma inocente questão teológica: porque é que Cristo andava a pé ou de burro e não de automóvel? O padre António ofendeu-se; respondeu que burro era ele, Américo, porque no tempo de Cristo não havia automóveis e que, se houvesse, Cristo teria um carrão. Nesse dia, a catequese foi sobre o pecado da inveja e o Américo teve que prometer que se iria confessar. Ocorreu-me esta história ao ler no DN que o Papa virá a Portugal (três horas de viagem) num avião adaptado para lhe assegurar o máximo conforto. "O espaço ocupado pela 1.ª classe terá um quarto com cama para o Papa, outro para o seu secretário pessoal, uma casa de banho com chuveiro, um salão social e até uma pequena capela". Aprendi a lição do padre António e não duvido que, se no seu tempo houvesse aviões, Cristo também andaria com cama, salão social e capela atrás de si.



Manuel António Pina
JN- 14/12/2009



Subscrevo

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Um símbolo de Natal

Este ano não falarei, pormenorizadamente, dos símbolos de Natal. Não querendo deixá-los no esquecimento, sorteei-os e ?!


The winner is!



Meias



A tradição de pendurar meias na lareira teve origem numa das histórias que envolvem São Nicolau, o santo que inspirou a figura do Pai Natal.

A história:



Nicolau ainda era jovem, quando deu mostras da sua extrema bondade. Na sua cidade vivia um homem muito pobre, que não tinha posses para realizar o casamento de suas filhas.Sabendo dessas dificuldades, Nicolau, que era de família muito rica, deixou escondido um saco de ouro na janela da filha mais velha. Repetiu a boa acção com as outras duas.Conta a lenda que Nicolau colocou o saco de ouro pela chaminé, onde secavam as meias.Daí o hábito das crianças deixarem as meias na chaminé ou janela à espera dos presentes.


Fonte:Tradições de Natal

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Um olhar

Fruto apreciado desde a antiguidade.
Uma “inspiração” para muitos pintores.

Com a chegada do Outono vestem-se de castanho. São um dos mimos da ceia de Natal.




Foto minha

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Dossier de Recordações: "Lenda do Pinheirinho de Natal"



Segundo a lenda, existiam três árvores próximas do estábulo onde nasceu o menino Jesus. Uma oliveira, uma tamareira e um pequeno pinheiro.
Para saudar a chegada do Menino, a oliveira ofereceu azeitonas, a tamareira as suas tâmaras, não tendo o pobre pinheiro nada para oferecer.
No céu, as estrelas, vendo a tristeza do pinheirinho desceram, pousaram nos seus ramos, enfeitando-o.
O pinheirinho ofereceu-as, a Jesus, como presente.
Assim nasceu a árvore de Natal.Resumo(colectivo) dos meus alunos (1991)

Imagem:internet

terça-feira, dezembro 08, 2009

Santo Tirso,"Capital do Presépio"




Deixo aqui um "cheirinho" da exposição.
Visitem-na!





Angola


Moçambique



Cabo Verde


Guiné Bissau


S.Tomé e Príncipe



Egipto


Burquina Farso



Camarões



Congo- Brazzaville


Uganda



Quénia



Marrocos

Fotos minhas


segunda-feira, dezembro 07, 2009

Um olhar



Acho-a linda, saborosa e sumarenta. O seu tom rosa avermelhado fascina-me.
Prefiro vê-la, como enfeite, numa cesta de fruta ou numa tela.

Uma curiosidade: a romã é símbolo de fertilidade, em Israel sua terra natal.


Fotos minhas

sexta-feira, dezembro 04, 2009

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Sabedoria Popular

Alguns


de Dezembro



Em Dezembro corta lenha e dorme.


Dos Santos ao Natal bico de pardal.


Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.


Dezembro frio, calor no estio.


Dia de S. Silvestre (31/12), quem tem carne que lhe preste.


Do Natal à Sta. Luzia, cresce um palmo em cada dia.


Dos Santos ao Natal, é Inverno natural.


Ande o frio por onde andar, há-de vir pelo Natal.


Para que o ano não vá mal, os rios enchem 3 vezes entre S. Mateus e o Natal.


Pelo Natal, neve no monte, água na ponte.


Quem quer bom ervilhal semeia antes do Natal.


Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.


Em Dezembro descansa, em Janeiro trabalha.


Em Dezembro, treme de frio cada membro.



Nem em Agosto caminhar, nem em Dezembro marear.


Nuvens em Setembro: chuva em Novembro e neve em Dezembro.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Momento de Poesia com Paula Raposo


Poema Único

Este é o poema mágico da noite
o poema despido e frontal
do canto imaginado dos pássaros
é o poema colorido de paixão
de flores e de gestos precisos.

Este é o poema único
nascente e foz
vivo e persistente
o poema da tua vida
quando nossa.

Este é o poema imortal
da tua voz.



Paula Raposo

Foto:Suzana Fardilha (anazus)

terça-feira, dezembro 01, 2009

Origem do nome do mês de Dezembro


Dezembro é o décimo segundo e último mês do ano do Calendário Gregoriano, tendo a duração de 31 dias. Deve o seu nome à palavra latina decem (dez), dado que era o décimo mês do Calendário Romano.

Pesquisa internet

Novo Visual

Em Dezembro, o blog mudará o seu "look". Passará a vermelho (uma das minhas cores predilectas).
Uma cor quente, viva e alegre, lembrando o calor humano, as lareiras acesas e festividades do mês.

segunda-feira, novembro 30, 2009

Fernando Pessoa morreu há 174 anos

Recordo-o, transcrevendo esta frase de que gosto.


“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

Fernando Pessoa
Imagem:internet

sexta-feira, novembro 27, 2009

Um olhar

A cidade vestiu-se de cor e luz para receber o Natal.







Fotos minhas

Desafio

A Chris desafiou-me a responder ao “jogo do conhecimento”.



Aqui fica:


1 - Quatro filmes que assisto, sempre que passam:

Gosto imenso de cinema, embora já tenha visto mais.

- A Escolha de Sofia

- A Vida é Bela

- As palavras que nunca te direi

- O Pianista

2 - Quatro lugares onde já morei:

-Nasci em Cortegaça (vivi lá 2 anos).

-Macau( tenho poucas recordações).

-Luanda (os melhores anos/eterna saudade).

-Coimbra (recordações inesquecíveis).

Gostava de voltar a morar junto ao mar (sinto a sua falta).

3 - Quatro programas de televisão que gosto de ver:

Vejo pouca televisão.

-Telejornais

-O Eixo do Mal

-Plano Inclinado (recentemente)

-Alguns programas de música e dança

4 - Quatro pessoas que me mandam e-mails regularmente:

-Joana Louçã

-Isabel Louçã

-Teresa Fardilha

-Waléria Lima

5 - Quatro coisas que faço todos os dias (s/falta):

Coloquei mais uma

- Tomar café

-Ler o jornal

- Sentar-me e pensar (não dispenso estes momentos)

-Navegar na net (um vício)

-Telefonar à minha filha e meus pais

6 - Quatro comidas favoritas:

-Peixe grelhado

-Arroz de polvo

-Frutos tropicais

-Bolo de chocolate

7 - Quatro lugares que gostaria de ir (ou estar):


Gostaria de estar...

-Voltar a Veneza

-Índia

-Tibete

-Patagónia


Não querendo estragar o jogo,passo-o a todos os amigos da blogosfera.
Espero que aceitem!

quinta-feira, novembro 26, 2009

A 26 de Novembro de 2006 morreu Mário Cesáriny, escritor e pintor português


De entre a sua vasta obra poética destaco um poema que gosto.


Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Foto:internet

Miminho "Protector"

Este miminho, muito especial, veio daqui.
Obrigada ,Ana!

quarta-feira, novembro 25, 2009

Nasceu há 164 anos


A minha singela homenagem a Eça de Queirós, um dos mais importantes escritores portugueses.

Aprecio os seus textos políticos que continuam actuais.

Política de Interesse

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)
Foto:internet

segunda-feira, novembro 23, 2009

Momento de Poesia


Novembro

Há pétalas a celebrarem sozinhas
a linguagem do amor
o cheiro da terra molhada
quando sobre o jardim cai Novembro
a humidade que nos abraça
o lusco-fusco precoce da mudança da hora
o crepúsculo já frio da tarde
pede o calor da lareira um interior
que aconchegue e sorva
o sabor do chá então servido.

todo o tempo do mundo pode parar
assim que alguém lho peça
mas o maior motivo sabemo-lo
não tem hora marcada nasce cresce mata
sempre que menos se espera
já tive dias horas meses assim
suspenso na vida pelo coração
a maior das ilusões todos os desenganos
mas não importa que interessa
não os trocava por nada

e o que as pétalas desse jardim ensinam
não vem nos livros tem séculos
é um cheiro a suavidade de um toque
tudo o que não falaremos
os movimentos da memória das vidas
o cor de que são pintadas
o a diferença de tom em todas as flores
o beleza eterna de cada
como uma dávida é isso
sim é isso
o que fica por dizer.

Pedro Strecht

Foto: Anazus (Suzana Fardilha)

sábado, novembro 21, 2009

Um olhar...um rever: rio Ave

Passa por aqui.
É água! É vida!
Transmite-me paz, liberdade!
Corre como o destino!









Fotos minhas

ShareThis