sábado, janeiro 31, 2009

Morreu há 20 anos



Fernando Namora, escritor, poeta, médico, morreu há 20 anos a 31 de Janeiro de 1989.
Estreou-se com “Relevos” (1938), livro de poesia.


Será homenageado, hoje, no auditório da Ordem dos Médicos, em Lisboa, onde serão lidos textos da sua obra “Retalhos da Vida de um Médico”.
Amanhã, será exibido no cinema S. Jorge o filme baseado na sua obra “Domingo à Tarde”, realizado por António Macedo.


Poema de Amor


Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.

E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.

Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.

Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada ,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.

Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.

...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.

Fernando Namora, in”Relevos” (1938)

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Reconhecem Luanda ???

Olhando estas fotografias, nem acredito no que vejo! … mesmo sendo imagens dos arredores (musseques). Luanda transformou-se numa cidade do terceiro mundo…uma lixeira…

…e eu que leccionei durante 6 anos em escolas do “musseque”….


O que fizeram à “minha” LUANDA?!!!
























quarta-feira, janeiro 28, 2009

Faria 93 anos


Vergílio Ferreira, escritor, ensaísta, poeta, professor, nasceu a 28 de Janeiro de 1916.

Foi galardoado em 1992 com o Prémio Camões.
A sua obra “Manhã Submersa”, foi adaptada ao cinema pelo realizador Lauro António.

Inseri uma breve passagem de uma das suas obras “Aparição” e um poema (de que gosto).

“Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. No chão da velha casa a água da lua fascina-me. Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza…”. “Ah, ter a evidência amarga do milagre que sou, de como infinitamente é necessário que eu esteja vivo, e ver depois, em fulgor, que tenho que morrer.”
Vergílio Ferreira “Aparição"


Que há para lá de sonhar?

Céu baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
é este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar:
Mas que há para lá do sonhar?

Vergílio Ferreira, in “Conta-Corrente 1”
Foto:internet

terça-feira, janeiro 27, 2009

Ok! Do you want something simple?


Hoje, há pouco veio-me o título desta música à memória, assim meio do nada.

Esta letra fascina-me pela veracidade do que é proferido, escrito, pensado, sentido.

Do you want something simple? The love,the friends, the sex, the words,the job, the life, the family,the money,the songs,the cloths,the looks
, the fun...

Há uma constante ambiguidade no que muitas vezes pensamos, sentimos e na forma como agimos. Queremos atingir o amor perfeito, encontrar O homem ideal, aquela pessoa com quem temos tudo o que não teríamos com outra pessoa, o êxtase da paixão, a cumplicidade, a química, a sintonia, o companheirismo.

Não queremos o simples, o banal, o atingível mesmo de sempre, a repetição de todas as histórias do passado, de todas as experiências falhadas...queremos ter a love story improvável, a intensidade desmedida, a relação inabalável, a felicidade indescritível e duradoura, a certeza de um sempre.

Passamos a vida a medir, a quantificar, a comparar com o que já tivemos, com o que poderíamos ter tido e não tivemos, com os «ses» que nos esmagam e nos imobilizam; pensamos e não agimos, agimos sem pensar, pensamos em demasia e vivemos a conta-gotas.

Exigimos a perfeição sem que nós próprios alcancemos essa perfeição, vivemos em harmonia com os nossos defeitos, falhas, mas queremos a antítese no resto, nos namorados que tivemos e nos que ainda iremos ter, nos amigos que temos e nos que já tivemos, na realização profissional pela qual esperamos, mas nem sempre lutamos; nas escolhas que fazemos, mas pelas quais nem sempre damos a cara.

Vivemos na busca constante de um estado zen constante, de um equilíbrio estável entre nós e todas as pessoas que fazem o nosso mundo girar e esquecemo-nos de simplificar o que parece complexo e de viver livres e despidos da nossa própria complexidade.

Joana Pargana
(uma amiga)

Inscrição para uma lareira



A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida…

(Mário Quintana)
(Foto:internet)

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Comemoração



D. Vicente da Câmara, de 80 anos de idade, personagem incontornável da história do fado, comemora hoje e amanhã no Tivoli, em Lisboa, os seus 60 anos de carreira. Tudo começou em 1948, quando ganhou o prémio da Emissora Nacional.

“ A Moda das Tranças Pretas”, foi o seu principal cartão de visitas.





domingo, janeiro 25, 2009

O laço



Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço…uma fita dando voltas? Enrosca-se mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braços. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando…devagarinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah! Então, é assim o amor, a amizade? Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita? Enrosca, segura um pouquinho, mas pode-se desfazer a qualquer momento, deixando livre as duas pontas do laço. Por isso é que se diz: laço afectivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então diz-se: romperam-se os laços. E saem as duas partes iguais, os meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço. Então o amor é isso…não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca uma vez que, quando vira nó, já deixou de ser laço.

(Autor desconhecido)
(Foto:internet)

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Continuando com poesia...


Escalar-te lábio a lábio

Escalar-te lábio a lábio
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.
Porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.
Abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho-
a glande leve.

Eugénio de Andrade
(Foto:internet)

quarta-feira, janeiro 21, 2009

47-º aniversário da morte de João Villaret

O actor e declamador João villaret morreu a 21 de Janeiro de 1961, em Lisboa, aos 48 anos de idade.

Contribuiu para a divulgação da poesia e de poetas como Fernando Pessoa , José Régio, entre outros.

Ouçam -no numa das suas declamações.

142 anos depois continua actual...


terça-feira, janeiro 20, 2009

Momento de Poesia


A escola e os ovos

Não tinha leite nem ovos
A escola onde aprendi
Tinha antes palmatórias
E os “safanões” que sofri

Tem agora boa cantina
Mas ausência de valores
Com muita indisciplina
E agressões a professores

A política chegou à escola
E agora muito mais
Conta é o lugar político
Não os alunos e pais

O que será deste país
Quando os homens do poder
Forem os alunos de agora?
Não é difícil prever…

(António Faria)
S. Mamede de Infesta

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Recordar os "Sitiados"


Morreu ontem, dia 18, em Lisboa, o músico José Aguardela, vocalista, líder e fundador dos "Sitiados".


A sua canção "Vida de Marinheiro", foi por mim coreografada para uma festa, de final de ano lectivo, em 1996.

2-º ano/1996 (escola Conde S. Bento/ Santo Tirso)

2-ºano/1996 (escola Conde S.Bento/Santo Tirso)

Efeméride

Eugénio de Andrade (pseudónimo de José Fontinhas), nasceu há 86 anos, a 19 de Janeiro de 1923.
A sua obra poética é sobretudo lírica, sendo a musicalidade um dos seus aspectos mais marcantes.
.Entre os seus lábios

Entre os seus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o polén do fogo
se junta à nascente,
alartra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
(Foto:internet)

domingo, janeiro 18, 2009

Ser negro (velho) em África





"Ser-se velho em África é um privilégio. Cada velho que morre, cada velho que nos deixa, é uma biblioteca que arde.

Tem que ver com o respeito pela experiência e com a tradição oral."

(escritor e narrador africano)

"Hampeta Ba"

sábado, janeiro 17, 2009

Popeye faz hoje 80 anos

O desenho animado que atravessou gerações, o marinheiro mais famoso da banda desenhada, nasceu no papel, a 17 de Janeiro de 1929 e chegou ao ecrã quatro anos depois.


Quando se fala em Popeye, associamo-lo sempre aos espinafres que "o marinheiro" devorava, para ficar mais forte.

Um pouco de humor..."Choque tecnológico"

A avó do Futuro


sexta-feira, janeiro 16, 2009

Sabedoria Popular


· Janeiro quente traz o diabo no ventre.

· A água de Janeiro, vale dinheiro.

· Em Janeiro, um porco ao sol outro ao fumeiro.

· A 20 de Janeiro, uma hora por inteiro e quem bem contar, hora e meia vai achar.

· Não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro.

· Em Janeiro, acende a fogueira e senta-te à lareira.

· Janeiro geoso traz um ano formoso.

· Janeiro bom para a vaca, é mau para a saca.

· Em Janeiro, os dias têm saltos de carneiro.

· Janeiro greleiro, não enche o celeiro.

· Em Janeiro veste pele de carneiro.

· Luar de Janeiro não tem parceiro; mas lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto.

· Comer laranjas em Janeiro, é dar que fazer ao coveiro.


quinta-feira, janeiro 15, 2009

Ainda acreditamos nos sonhos



(…)”Creio que não há sonho mais belo do que o de um mundo onde o pilar fundamental da existência seja a fraternidade, onde as relações humanas sejam sustentadas pela solidariedade, um mundo onde todos compartilhemos da necessidade de justiça social e actuemos com coerência”.
(…)”Tenho muito mundo, muita estrada debaixo dos pés, e em todos os lugares onde estive ou descobri as marcas de outros sonhadores como nós, encontrei mulheres e homens que são como o próprio prolongamento dos nossos sonhos, porque nós também sonhamos os deles”.
(…)”Se não formos audazes, o que não é sinónimo de irresponsabilidade, se não formos terrivelmente audazes como os nossos sonhos e não acreditarmos neles até os tornar realidade, então os nossos sonhos murcham, morrem, e, com eles nós também”.

Luís Sepúlveda
(O poder dos sonhos)
Foto:internet

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Voltando à poesia...


Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais leve ainda…

(Mário Quintana)

terça-feira, janeiro 13, 2009

Xutos & Pontapés " Três décadas de Rock"



Uma das mais carismáticas bandas nacionais, inicia hoje em Lisboa, no Pavilhão de Portugal, numa festa particular, as celebrações dos seus 30 anos de carreira.


Xutos & Pontapés, subiram ao palco pela 1-ª vez, há 30 anos a 13 de Janeiro de1979, num concerto nos Alunos de Apolo.

O sucesso bateu-lhes à porta com o álbum "Circo de Feras" e o "7-º Single" que conta com a canção "A minha Casinha".







Momento Musical " Zeca Afonso"

Ouvir Zeca Afonso é a melhor homenagem que lhe podemos prestar.
Deixo aqui “As Janeiras-Natal dos Simples” cantadas pela voz de timbre único, a voz de ouro, de Zeca Afonso.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Momento de Poesia

do Amor




Prelúdio

O mais belo poema de amor
começou quando me viste
e desejaste;
começou quando nossos olhos
se cruzaram
e se beijaram.

O mais belo poema de amor
foi escrito no silêncio
dos nossos corações,
no alvoroço de nossas mãos
que se não tocaram
mas se enlaçaram.

Adágio
O mais belo poema de amor
escreveste-o tu
segurando-me em teus braços
em momentos bem escassos!

O mais belo poema de amor
nasceu de nossa sede
de ternura
e acabou em loucura.

O mais belo poema de amor
é saber que não há espaço
para este abraço
que começa em ti
e acaba em mim.

Acorde Final
O mais belo poema de amor
escrevemo-lo juntos,
quando nossas almas se beijaram
e nossos corpos se enlaçaram,
despertando em mim, em ti,
acordes vibrantes-sem- Fim.
(in "Antologia da Poesia Erótica",coordenação de Paulo Brito e Abreu,Universitária Editora, 1999)

sábado, janeiro 10, 2009

Cortegaça (aldeia onde nasci)

A aldeia das minhas raízes, dos antepassados que ainda guardo memória. Hoje vila, onde a modernidade entrou, e que pouco conserva do passado que recordo, como por exemplo a casa ancestral do meu avô paterno.


Rua com o nome do meu avô paterno, onde existiu a sua casa.



Casa de um tio meu ( 91 anos) que confina com o terreno onde existiu a casa dos meus avós paternos.

Terreno onde existiu a casa dos meus avós paternos



Igreja matriz de Cortegaça (onde fui baptizada).


Cemitério de Cortegaça (hoje desactivado, onde foram sepultados os meus antepassados paternos).


Casa de praia (palheiro) dos meus avós paternos, (restaurada por uma prima minha).


Capela se Nossa Senhora da Nazaré (praia de Cortegaça)



A praia que conheci (desapareceu). Hoje só existem pedregulhos.


Praia actual (antiga praia d' Aberta )


Praia actual (antiga praia d' Aberta )

Tintin faz 80 anos


Faz hoje 80 anos que a 10 de Janeiro de 1929, o belga Hergé, autor de Tintin e do seu fiel amigo Milu (fox terrier), publicou a primeira prancha de Tintin, a preto e branco, onde este vestiu a pele de repórter.
Nessa data, deu-se início a uma aventura que passados 80 anos está cada vez mais distante da actual banda desenhada.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

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