quarta-feira, março 11, 2009

A Frase



"A Galp chupou, chupou, chupou até mais não poder e ganhou 105 milhões de euros à nossa custa".

Domingos Amaral
Director da GQ, "Correio da Manhã", 11-03-2009

Manuel Lopes da Fonseca, morreu a 11/03/1993





Manuel da Fonseca, foi poeta, romancista, contista e cronista. Toda a sua obra retrata, como poucas ,a vida dura do Alentejo e do seu povo.

Foi um dos maiores escritores do neo-realismo literário português. Fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e, através da sua arte, manteve uma intervenção social e política muito importante, retratando a fortuna e as vicissitudes do povo.

Da sua obra como poeta destacam-se "Rosa-dos-ventos" (1940) e "Planície" (1941).

Da sua obra como romancista destacam-se "Cerromaior" (1943) e "Seara do Vento" (1958), duas das obras que melhor representam o neo-realismo português.



Inseri vídeo com o seu poema “Tejo que lavas as águas” (um dos meus preferidos), cantado pela voz inesquecível de Adriano Correia de Oliveira.



«Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar.

Lava-a de crimes espantos
de roubos fomes terror
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amor.

Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro.

Lava palácios vivendas
casebres bairros de lata
leva negócios e rendas
que a uns farta a outros mata.

Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas.

Lava avenidas de vícios
vielas e amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais.

Afoga empenhos favores
vãs glórias ocas palmas
leva o poder de uns senhores
que compram corpos e almas.


Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo.

Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar».

Manuel da Fonseca in” Poemas Completos

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