terça-feira, maio 29, 2012

Por este rio acima

















Fotos minhas




Por este rio acima
Deixando para trás
A côncava funda
Da casa do fumo
Cheguei perto do sonho
Flutuando nas águas
Dos rios dos céus
Escorre o gengibre e o mel
Sedas porcelanas
Pimenta e canela
Recebendo ofertas
De músicas suaves
Em nossas orelhas
Leve como o ar
A terra a navegar
Meu bem como eu vou
Por este rio acima
(...)


(Fausto)

sábado, maio 26, 2012

Momento de poesia com Agostinho Fardilha

Almeida Garrett

(1799 – 1854)


“ João Baptista da Silva Almeida Leitão era seu nome de baptismo. O apelido de Garrett foi por ele respigado do nome de uma aristocrática ascendente paterna, de remota origem irlandesa, que viera para Portugal no séquito de uma princesa – pormenor significativo deste liberal da esquerda que acabaria visconde e tinha absolutistas ferrenhos nos parentes mais próximos.

Garrett era um homem feito já, com passsado literário, quando, depois dos 23 anos, teve no estrangeiro a revelação do Romantismo. Caminhava para os 40 anos quando iniciou, com assiduidade, a sua produção teatral, e passava os 50 quando se impôs como poeta lírico.

Pela sua origem, é filho da burguesia, que o império brasileiro fizera prosperar, e pela sua obra, onde a formação arcádica nunca deixou de se fazer sentir, é um homem situado entre dois mundos. Uma parte da sua vida e da sua obra está ligada à burguesia setecentista; a outra parte, ao surgimento de uma nova estruturação cultural que corresponde a um novo tipo de burguesia. Isso mesmo explica a contradição que se encontra na sua obra entre um pessimismo sem perspectiva, um sentimento de fim do mundo e um abrir de horizontes.

Contrariamente  ao que acontecerá depois com Herculano e outros, Garrett ainda teve uma educação absorventemente arcádica e só veio a conhecer o Romantismo quando já literalmente formado.

De entre os contemporâneos foi, de início, sobretudo discípulo de Filinto Elísio.

Esta formação arcádica depositou na sua personalidade literária um estrato resistente. A ela deve, porventura, o conhecimento de muitos recursos da língua e do verso. Os autores românticos e pré- românticos, tais como os vê Garrett, vêm enxertar-se na orientação determinada pelos árcades portugueses, como se fossem seus aliados na luta contra o gongorismo.

Garrett revela não se ter afastado do preceito essencial da poesia arcádica e do classicismo em geral. Para Garrett, os Românticos tinham enriquecido o caudal da literatura com alguns novos temas e alguns novos modelos.

Garrett inspira-se no folclore, tal como os trovadores, que principiaram por imitar as cantigas de amigo criadas pelas mulheres das mais antigas comunidades rurais. O seu conceito de Romantismo liga-se sempre à utilização do romanceiro.

As Flores sem Fruto representam uma transição: há aí muita poesia arcádica em metros variados, mas também alguns temas comuns às Folhas Caídas, tratados num estilo novo de formas mais populares, mais directas, com recurso à redondilha e á quadra.

Sob o aspecto formal, Garrett abandona, definitivamente, nas Folhas Caídas o verso branco arcádico e os géneros clássicos; manifesta preferência pela redondilha em estrofes regulares, de rima emparelhada, alternada ou cruzada ( quadras, sextilhas, estrofes de sete e oito versos). Estas formas eram correntes entre os românticos espanhóis, e não representavam também novidade em Portugal”.


Homenageêmos este profundo Romancista e Poeta com as simples composições poéticas que me atrevo a apresentar.





I – Referência ao poema “D. Branca”



Grécia culta e pródiga nos deu
ficções alegres: a sensual Vénus;
o travesso Jove e as lindas moças;
o ébrio Baco e o louro Apolo;

as castas irmãs nos jardins do Pindo
arrancam da lira amorosos carmes.

Mas às aras e ficções do paganismo
prefiro os versos do cristão que sou.




II – Referência ao poema “Camões”


“Saudade”, que adoça a boca
dos pais ou dos amantes venturosos,

mas palavra que tem um gosto amargo
para os que suportam todo o pesar.

P´ra uns “Saudade” é dor e prazer;
Noutros , seus corações faz estalar.

Mas gosto do teu mavioso nome,
porque me lembro dos amigos ausentes,

das amadas que deixei a chorar.



III – Referência do Poeta ao seu Mestre “ Filinto Elísio”


Sabes, Filinto amigo, qual a vida
que, no Porto, leva este teu amigo Garrett?

Come  , ronca e lê brejeiro Camões.
Come e vai para a cama.

Acorda, esfrega os olhos e vai ler
odes tuas, de Horácio e o Racine.

Perguntarás: como vais de namoro?
Disso abunda no Porto.

Sempre fui cálido do belo sexo,
mas agora prefiro as comezanas

com uma súcia de bons rapazes.
Que moços galhofeiros!

Portugal está hoje abastardado,
mas pressagio que novos cultores

da Língua Materna surgirão,

p’ra limpar este velho
Portugal de nevoeiros britânicos

E d’outro lixo:sórdida ignorância.
E com beleza de outrora, eis a

Língua Portuguesa



IV – Compilações sentimentais do Poeta em “Flores sem fruto”.


Nasci e  meu coração puro,
todo virado p’ra Deus.

Inocência e pureza
eram atributos meus.



Do céu voou até mim
um Anjo de brancas asas.

Outras trazia e mas pôs. (mas= me+as)
tudo em mim ficou em brasas.



Mas  Anjo me sossegou:
Poderás voar ao Céu.

Disse não trocar por nada
As asas que Anjo me deu.



Quando queria fugir
da  Terra e de todo o Mal,

as minhas asas batia,
indo p’ra divo local.



O Demo veio do Inferno
E por elas me quis dar

toda a riqueza do Mundo.
Não me deixei enganar.



Encantamento amoroso,
fatalismo da paixão,

para baixo me puxaram.
Perdi, logo, o meu condão.



Todas as penas caíram
das asas que Anjo me deu.

Às vezes voar tentei;
nunca mais cheguei ao Céu.



Vocabulário

Ficar em brasas = ficar nervoso



V – Nas “Folhas Caídas”

(colectânea que renovou, profundamente, o nosso lirismo) O Poeta fixa, no campo passional, o contraposto das “trevas” com a “luz”, onde o amor já não é idílico e juvenil, mas tardio, condenado, devorado por dúvidas e remorsos.


Este Inferno de Amar


Dentro da mim há atroz fogueira
que tento – mas em vão – apagar.

São chamas do amor e paixão,
que causam à vida tanto pesar.

Não sei como se ateou em mim
e se sou capaz de lhe pôr fim.



Adeus

Para sempre vai-te embora
e não olhes para trás,

Mas tens que fazê-lo agora,
porque minha Alma quer paz.

Temo a justiça de Deus.
Amar-te? Nunca. Menti.

Veros eram amores teus.
E eu bem sei o que perdi.

Decoração infiel,
Fui peçonha venenosa.

C’uma vida tão danosa,
não passo de uma cascavel.



VI – Respeitando , em geral, a estrutura e a finalidade do “Romanceiro”, vou tentar dar forma poética à

Lenda de S. Martinho
I
Para mim contar estórias
é passatempo agradável;

se divertir quem as ler
considero-me prestável.


II

Mas hoje também história
Fará parte deste escrito.
Falo do Bispo Martinho

por Deus e pobres bendito.



III

Bispo de Tours e da Gália
Apóstolo , foi soldado

do exército romano.
Os pobres eram seu cuidado.


IV

Ainda jovem foi monge;
os mais humildes amparava;

de caridade sem fim
quem, na morte, o não chorava?


V

Generoso e a bondade
fez dele o mais popular

Santo na Era Medieva.
Lés a lés tem seu altar.


VI

Em Novembro e dia onze,
Na Igreja culto tem.

Patrono de muitas artes,
Notável orago também.


VII

Num dia frio e chuvoso
de Outono, sai ao caminho

um mendigo seminu,
pedindo esmola a Martinho.


VIII

Refere também a lenda
que o soldado, sem dinheiro,

com a espada fez em duas
a capa de cavaleiro



IX

Deu a metade ao pedinte.
Mais à frente deu o resto

a outro pobre gelado.
Ele , a viagem fez lesto.


X

Deus viu o gesto e sorriu.
Parou a chuva e o Sol

brilhou , aquecendo a Terra:
três dias houve arrebol.


XI

Eis a origem do Verão
do bondoso São Martinho,

em que se come castanhas
e se abre o pipo do vinho.



Nota : são 11 quadras que fazem lembrar o dia 11 (de Novembro)



Agostinho Alves Fardilha ( o meu pai)

Coimbra

quarta-feira, maio 23, 2012

Um olhar


Foto minha


Como nesta estrada, por vezes na vida, também me deparo com uma curva não fazendo ideia do que irei encontar ao contorná-la.
Ganho coragem para continuar o caminho ainda que este esteja por desbravar.

domingo, maio 20, 2012

Um olhar


Foto minha

Sob a protecção da imponente catedral
e repousando à sombra de árvores frondosas,
famílias quebram o seu labor trivial
e os fins- de- semana são junções amistosas:
os merendeiros e depois as tranquilas sestas
transformam os dois dias em verdadeiras  festas.

Agostinho Alves fardilha (o meu pai)
Coimbra

quinta-feira, maio 17, 2012

Pelos caminhos de Portugal...



O Castelo de S. Jorge (Monumento Nacional) forma parte da zona nobre da antiga cidadela medieval (alcazaba), integrada pelo castelo, as ruínas do antigo palácio real e parte de uma zona residencial para as elites.
Ergue-se em posição dominante sobre a mais alta colina do centro histórico, proporcionando aos visitantes uma das mais belas vistas sobre a cidade e o estuário do rio Tejo.




O Castelo visto do Miradouro da Graça


Porta de entrada para o castelo


Pormenor da porta


Interior do castelo


Interior do castelo


Interior do castelo

Interior do castelo


Interior do castelo


Retalhos da beleza de Lisboa colhidos do Castelo de S. Jorge


Retalhos da beleza de Lisboa colhidos do Castelo de S.Jorge


Retalhos da beleza de Lisboa colhidos do Castelo de S.Jorge

Retalhos da beleza de Lisboa colhidos do Castelo de S.Jorge

Fotos minhas

segunda-feira, maio 14, 2012

Um olhar


Foto minha


Quem diz estar seguro nesta vida?
Tudo quer atingir o humano ser.
Vejam esta esfregona escondida
nos arbustos à espera de aparecer
quem sabe, algum par de namorados
aos beijos entretidos e descuidados.


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

sexta-feira, maio 11, 2012

Um olhar com história ( Mont Saint- Michel )


Video meu
Fotos minhas



O Mont Saint- Michel é uma ilhota rochosa, na foz do rio Couesnon, costa da Normandia. Centro turístico e um santuário onde fica uma abadia beneditina, em estilo gótico. Desde 1979, Património da Humanidade da Unesco.


terça-feira, maio 08, 2012

Um olhar


Foto minha

Gafanhoto, insecto mui voraz,
nunca de comer insaciável,
da destruição sempre capaz:
p'ro lavrador és abominável.
A tua cor, pérfido saltão,
engana até os mais prevenidos.
Também há quem por toda a Nação
faça quais do Poeta os bandidos:
rapinam tudo e todos essa asnada
e o honesto povo fica sem nada.

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

sexta-feira, maio 04, 2012

terça-feira, maio 01, 2012

Momento de poesia com Agostinho Fardilha


(Reis nascidos neste mês)


Moldou reino com Algarve: Afonso III;
a ti, João, cederam: até com Tordesilhas;
i (I)ndia, Manuel, tua; e o autor “Vaqueiro”!
o Brasil, João, foi asilo de armadilhas.

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

Imagem : internet

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