
Frei Agostinho da Cruz
(1540 – 1619)
Era irmão de Diogo Bernardes. Nasceu em Ponte da Barca. Aos 20 anos de idade tomou o hábito de capuchinho (Ordem de S. Francisco), ingressando no Convento da Arrábida.
No século, o seu nome era Agostinho Pimenta.
“ Foi o grande poeta da Arrábida, um dos primeiros (se não o primeiro) a considerar a Natureza como objecto. Os seus temas são a “saudade” do Céu e a evocação da Cruz”.
Vamos lembrá-lo com este
Soneto
Na mocidade cego foi o meu estro.
Das margens do Lima e sua verdura
me despedi. Pode existir ventura,
estando eu, inquieto, em sequestro?
Queimei os versos e com Deus palestro
agora. Vivo em Serra agreste e dura;
aqui abrirei minha sepultura.
Com as aves e fontes p’ra Deus orquestro!
Quando me lembro da vida d’enganos
d’outrora, os olhos na Cruz logo ponho.
Digo-Lhe que na Cruz o Amor nasceu.
Mereço castigo por tantos danos,
mas viver no Céu é ainda um sonho.
Esquecei, Senhor, o desvairo meu.
Vocabulário
Desvairo= desvario
Obs: respeitei a estrutura de sonetos do Poeta: (ABBA abba CDE cde)
Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra
Foto:internet