quinta-feira, dezembro 25, 2008

Momento de Poesia

Natal

O sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


(Fernando Pessoa)

4 comentários:

PreDatado disse...

O Fernando também gostava do Jingle Bells :)

Bom fim-de-semana!

mfc disse...

Duma forma ou de outra somos sempre tocados pela saudade, sobretudo nestes períodos.

Anónimo disse...

aqui fica outro poema de Pessoa:

Nasce um Deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.

bons pensamentos...

Pérola disse...

'És para mim como um sonho'.
Pessoa usa as palavras duma forma inegualável.
Como é Natal quando uma mulher quiser, para mim hoje é Natal.
Feliz Natal, Lisa!

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