terça-feira, janeiro 24, 2012

Um olhar






Fotos minhas



Mala de Cartão, insígnia do português!
Legal ou a "salto" ele vai fronteiras fora
de olhos marejados e inquieto a Deus ora
para que chegue ao destino e com rapidez
arranje labor p'ra sacudir a quem ficou
à espera, em Portugal. Sou de provecta idade
e assisti a alguns dramas de infelicidade.
o Governo só queria o que se poupou.
A maioria, essa, adaptou-se muito bem
ao novo estilo de vida. Honrou o país.
Julguei termos erguido, de vez, a cerviz,
mas, quando me disseram que alvitrou alguém
a emigração de jovens, mesmo com cultura,
pasmei. Mas eles, em passos largos, subiram
ao sotão, procurando as malas que serviram
aos avós, outrora, em dolorosa aventura.
Vão ser as reparadas malas de cartão
que, somadas à crise em tudo persistente,
farão do nosso Portugal país descrente,
mais pobre, amorfo e sem fé na renovação.


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

17 comentários:

Anónimo disse...

A realidade num post soberbo.

Pai e filha em sintonia.

Abraço.

AA.

Isabel disse...

Belíssimo poema.

Recuámos no tempo...infelizmente!

Parabéns à dupla!

Bjs.

Lucia Costa Siqueira disse...

Oi
Vim vstr vc
Lindo poema
Vou gostar muito se vc for minha seguidora.
Amei seu blog
Bjss

Bergilde disse...

Uma interpretação poética da realidade ao seu redor.E a foto nem preciso dizer que parece retirada de um livro pois hoje essas malas são raramente vistas e têm muito valor(você sabia?)

Fátima disse...

O "ontem" e o "hoje" cantados de uma forma poética, soberba.

Parabéns ao poeta e à fotógrafa.

Beijos.

Zé Fardilha disse...

Zé filha disse...
A fotografia é linda.
O poema é espectacular, como
tudo o que o poeta cria.
Parabéns.

Lídia Borges disse...

Deixei-me emocionar. Deixei que a tristeza me subisse aos olhos

"Mas eles, em passos largos, subiram
ao sotão, procurando as malas que serviram
aos avós, outrora, em dolorosa aventura."

Um beijo

lis disse...

Um poema cheio de raiz da terra querida, com fotos incríveis do passado.
Parabéns ao seu pai
beijinhos pra voce Mlisa

mfc disse...

Impecáveis as fotos e extremamente acutilante(e muito bem composto) o poema.
Continuamos a ser maltratados por quem nos governa, mas a responasbilidade, em democracia, é inteiramente nossa!

irene alves disse...

Nem sabe o impacto que essas malas
tiveram em mim. Já as tive e já se
foram...Tenho o marido doente, tenho que ficar por casa, mas o meu
marido doente é pior que uma criança, está sempre a precisar de
algo...não me consigo concentrar o
PC.
Um beijinho
Irene

Emília Pinto disse...

Ainda lembro destas malas de cartão, ainda lembro das viagens que o meu pai fazia ( taxista) até à fronteira de Espanha para que muitos passassem para outros países ilegalmente, pois não havia outra forma; às vezes nem estas malas conseguiam levar, pois tinham que caminhar a pé pelos montes; uma troxa de pano era o que muitos levavam. Tempos difíceis esses que ninguém gostaria de voltar a viver. Mas como diz aqui o teu pai, e muito bem, esses tempos estão aí e de novo muitos estão deixando o nosso Portugal; novamente tempos difíceis; tudo igual, menos as malas...não serão de cartão, mas o conteúdo será de certeza uma profunda desilusão. Parabéns ao teu pai pelo maneira bela com retratou um facto, nada belo, mas real...doído...triste. Um beijinho. Lisa e até breve
Emília

BlueShell disse...

" somadas à crise em tudo persistente,
farão do nosso Portugal país descrente,
mais pobre, amorfo e sem fé na renovação." - sem dúvida. Muito vbem.

Olha, te agradeço de coração teu apoio. Não esquecerei...
És um anjo
BS

Lena Fardilha disse...

GENIAL!É UMA TRISTEZA VER, DE NOVO, OS FILHOS DA PÁTRIA A EMPURRAREM «AS MALAS DE CARTÃO»
PARABÉNS,QUERIDO PAI!
BJS LENA

Fernando Beja disse...

O meu sogro devia pensar em escrever um livro. Ainda vai muito a tempo...
A ver o que ele diz disto:
--
"UM DIA TAMBÉM EU,
ACABADA A TROPA OBRIGATÓRIA,
NEM SEI O QUE ME CONVENCEU,
ARMEI-ME EM AVE MIGRATÓRIA!
--
POR NÃO TER MALA DE CARTÃO,
FOI MESMO DE MOCHILA ÀS COSTAS
QUE TOMEI A DECISÃO
DE PROCURAR NOVAS APOSTAS.
--
POR LÁ QUASE UM ANO ANDEI,
MAS A SAUDADE DA FAMÍLIA
E UM EMPREGO QUE ANTES APALAVREI,
FIZERAM-ME ESQUECER TODA AQUELA REVELIA
--
O MEU SOGRO É ASSIM,
PUXA PELA NOSSA ELOQUÊNCIA,
MESMO QUE EU NÃO SAIBA LATIM,
TENTO RIMAR E FAZER-LHE CONCORRÊNCIA
--
Grande abraço
Fernando

Rita disse...

Muito a propósito!


Bj
Mena

Custódia C. disse...

Uma realidade dura retratada de forma poética.
Mas temos que ter esperança...

Pérola disse...

Que olhar acutilante o do paizinho!
As malas de cartão voltaram a ser necessárias, só que, desta feita, os países de destino também se encontram com problemas.
Estamos numa fase que não se adivinha saída. Estou sériamente preocupada, principalmente pelos mais novos.
Um beijo ao brilhante poeta e á filhota artista na fotografia.

ShareThis