segunda-feira, dezembro 12, 2011

Momento de poesia com Agostinho Fardilha



Filinto Elísio
(1734 – 1819)

“Filinto Elísio é o pseudónimo de Francisco Manuel do Nascimento. A sua origem é extremamente modesta. Cursa o seminário e ordena-se. Já dos seus tempos de estudante lhe vem o enorme interesse  por Horácio.
Poeta desde cedo, forma a sua academia, que passou a ser designado pelo Grupo da Ribeira das Naus. Os poetas deste Grupo antagonizavam os da Arcádia Lusitana e, por isso, passaram a ser conhecidos pelo nome de “dissidentes”, e, entre estes, os mais notáveis foram precisamente Filinto Elísio e Nicolau Tolentino.
Filinto é fundamentalmente um discípulo de Horácio e daí a ênfase no rigor da construção, na preponderância da Razão sobre o Sentimento; daqui o vernaculismo, a tentativa de dominar a emoção que começava a perturbar as mentes poéticas sensíveis ao Romantismo que emergia no horizonte.
Foi perseguido pela Inquisição, mas, quando os esbirros do Santo Ofício estavam prestes a lançar-lhe as mãos, ele consegue fugir para França.
A França foi o seu lugar de refúgio, com um interregno de quatro anos na Holanda.
A sua Carta a Francisco José Maria de Brito é uma notabilíssima “ Arte Poética” de inspiração horaciana, onde se nota, também, a influência de António Ferreira.
Nenhum poeta, desde Camões, havia feito tantos serviços à língua portuguesa: só por si, Filinto Elísio valeu uma academia e fez mais do que ela”.

Lembremo-lo, então, com os sonetos que se seguem:

I

A língua portuguesa sorveu
do latim e do grego a precisão;
foi de todos o elo de união,
até que a bruta mente a corrompeu.


A mãos facinorosas ela cedeu:
o enleio godo-árabe, seu bordão,
desfeiou a lusa fala e, então,
durante séculos adormeceu.


Mas reis João Segundo e Manuel
protegeram da língua a elegância,
que foi dos Romanos e agora nossa.


De limos a despiram com cinzel
e aromatizaram-na com fragrância,
que dela jamais alguém fará troça.



II

Abandonem já o torrão natal
os que rejeitam eloquentes sábios
e atafulham, alegres, da boca os lábios
com migalhas estranjas e em caudal.


Na velha Europa há dourado metal:
ilustres bispos que incutem ressábios
em nobres e até em muitos seres não ábios;
damas p’ra quem Musas são um rosal.


Oh! Quem me dera ver a Pátria minha
desejosa de saber como outrora,
quando Camões destruiu as fronteiras


que escondiam as belezas da rainha
do Lácio e o templo onde Apolo mora.
Ora preferem línguas estrangeiras!


III

Quão bela é a língua sem retalhos,
nem bastardias como a portuguesa.
Lucrécio pedia subtileza,
Vénia p’ra latina, sem gasalhos.


A porca modernice e os enxovalhos
lançaram a fala lusa p’ra baixeza.
Imitámos franceses com certeza.
Porém, eles nem todos eram letrados.


Consideras sublime a concisão;
na construção da frase, que rigor!
P’ra ti, Razão domina o Sentimento.


Vernaculismo e novos termos são
tua preocupação e fervor.
Filinto, parabéns ao teu talento.


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra



Foto:internet

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Um olhar



Fotos minhas

Destruíção, dor, morte,desestruturação familiar, a humanidade contra a humanidade.

Será que a história é escrita em palcos cujos cenários são de horror?!

terça-feira, dezembro 06, 2011

Pelos caminhos de Portugal...

Ponte e Torre Fortificada de Ucanha


Esta ponte fortificada constituía a entrada monumental no couto do Mosteiro de Salzedas A torre servia de cobragem, defesa e armanezamento de produtos. A função militar era secundária, não existindo ameias no topo.
A sua existência já vem documentada no século XII. D. Afonso Henriques doou, em 1163, à viúva de Egas Moniz, Teresa Afonso, o couto de Algeriz, acrescentando-lhe o território de Ucanha.
A ponte deve ter sido construída pelos romanos, no seguimento de uma estrada que passava ali perto. A torre, tem  porta de acesso bem acima do nível do chão e foi mandada construir por D. Fernando, abade de Salzedas, em 1465.
A ponte une duas freguesias, Ucanha e Gouviães, e estende-se sobre o rio Varosa.

















Fotos minhas

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Momento de Poesia com Agostinho Fardilha



Dezembro, mês da Senhora do Ó
e do nascimento do Deus - Menino;
zagais entoam de júbilo um hino
e o mundo pecador não fica só,
mas, como Ele é o Príncipe da paz,
bem duradoira a quer entre as nações;
rasguemos já os nossos corações,
onde ficará sempre o que Ele traz.


Vocabulário
zagal = pastor

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra


terça-feira, novembro 29, 2011

Recordando...






Fotos minhas

O tapete Turco é uma fonte essencial da arte e cultura deste país. Surpreende-nos pelo contraste entre a qualidade e beleza artística da sua confecção e a modéstia dos artesãos que os fabricam. Hoje, a sua confecção continua a ser realizada em teares manuais.

Qualquer tapete é complemento indispensável num lar como adorno e conforto.


domingo, novembro 27, 2011

Um olhar

Foto minha

Um gato de olhar triste! Porquê?
O dono morreu? Fruto da crise...
Castigue-se o autor do deslize.
Basta de sofrer.
Venha a mercê!

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

sexta-feira, novembro 25, 2011

terça-feira, novembro 22, 2011

Um olhar com história

A ponte de Mostar sobre o ri Nereteva ,na Bósnia Herzegovina, situada na parte velha da cidade é um dos seus mais conhecidos e emblemáticos monumentos históricos, sendo classificado como Património da Humanidade pela UNESCO. Foi reconstruída em 2004 após a sua destruíção em 1993, na guerra da Bósnia.



Fotos minhas

sábado, novembro 19, 2011

Um olhar


Foto minha

Ele manda-nos avançar ou parar. Também na nossa vida há que pensar antes de decidir.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Um olhar


Foto minha


Vetusto castelo roqueiro,
do inimigo foste o medo,
das populações o celeiro.
Tuas pedras guardam segredo
de tristezas e muita alegria,
de lutas e atenta vigia.

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

domingo, novembro 13, 2011

Um olhar


Foto minha


A aranha, seduzida pela beleza da rosa, à semelhança do polvo, dissimula-se, tentando enganar e atrair os incautos. Na vida, às vezes, com consequências dolorosas, somos iludidos por falsos amigos.

quinta-feira, novembro 10, 2011

Momento de poesia com Agostinho Fardilha

Tomás António Gonzaga

(1744 – 1810)



“Nasceu na cidade do Porto em 11 de Agosto de 1744. Tendo passado a meninice em terras do Douro, teria acompanhado o pai, em 1752, quando foi exercer funções de ouvidor – geral em Pernambuco.

Em 1 de Outubro de 1763 encontramo-lo matriculado na faculdade de Leis, em Coimbra.

Gonzaga ia entretendo os seus ócios de magistrado no cultivo da poesia.

O grande amor foi-lhe inspirado por uma menina de 15 a 16 anos, D. Maria Doroteia Joaquina de Seixas, da melhor sociedade vila –riquense, que conheceu pouco depois da sua chegada.Marília, como Gonzaga passou a chamá-la nos seus cantares, era uma das filhas do capitão João Baltazar Marinque, homem abastado e de boa família.

Tomás Gonzaga, tendo sido acusado como o chefe principal da Inconfidência Mineira, foi metido numa lúgubre masmorra da Ilha das Cobras. Depois de longos meses de cativeiro, era condenado a 10 anos de degredo para Moçambique.

A história de Gonzaga em Moçambique tem andado rodeada de romântico mistério. Dizia-se que o pobre poeta, ausente de Marília, tinha perdido o  juízo e andava como um sonâmbulo pelas ruas.Nada disso.

Uma vez no exílio, Gonzaga deitou contas à sua vida. Nunca mais Marília lhe pertenceria. Casou com uma senhora de muita fortuna, tornando-se numa das principais pessoas da cidade, que habitava.

A poesia de Gonzaga, além do seu valor intrínseco, porém diminuído por algumas debilidades de forma e inspiração, documenta bem a passagem do classicismo para o romantismo. Causam-nos hoje e fazem-nos sorrir as constantes citações dos deuses, a sua impertinente imiscuição nas coisas da vida real. Descreve em belos versos a sua situação tristíssima; mas, por muito sentida que fosse a dor, dificilmente dispensara o ornamento clássico, a alegoria mitológica.

A sua poesia é suave e tem um cunho de acentuado realismo, concepção burguesa e democrática da vida”.



Vamos recordá-lo com várias estrofes, respeitando, dentro do possível, a diversificação da rima e da  métrica por si usada.



Petições





suplicante – Elisa
dispensador – Pai Santo e Eterno/ Apaixonado ignoto
 

(I)
Sonhei que , pastora, levava o gado
para verdes prados, onde o meu Amor,
de rosto alegre e pelo Sol tisnado,
p’ra mim a flauta tocava a primor.
O seu afecto toda a mágoa cura;
dos seus olhos irradia luz divina.
Deslumbrada estou com a minha sina.
A quem devo tanta paz e ventura?
Graças ao Criador,
graças ao meu Senhor!


Corremos para a sombra da floresta,
sempre aconchegada pelo seu braço;
aí dormi reconfortante sesta,
tendo por travesseiro seu regaço.
Restantes pastores e seus namoricos
nas moitas folgavam às escondidas;
suas conversas eram tão queridas
que indago: porquê d’amor assim ricos?
Graças ao Criador,
graças ao meu Senhor!

(II)
Cupido, para os poetas,
é um rosado menino
nu, com aljava de setas.
Brincando, acertou nos dois:
Eu e tu, prendada Elisa,
de paixão somos feridos:
de coração tão unidos
para sempre minha sois.


Mas Cupido é traiçoeiro
às vezes com suas manhas;
até de Apolo é coveiro
e de muitos humanos seres,
não respeitando as idades.
Em tudo não somos iguais,
mas amor nunca é demais,
basta tu sempre o quereres.

(III)
Elisa, teus olhos
foi primeira farpa
que rasgou meu ser.
São como os sons da harpa
que me alegram a vida.
Eles até dizem:
eis tua guarida!


Quando vi teus lábios,
deixei de falar.
Meu corpo tremeu
e a cambalear,
o chão por jazida.
Eles até dizem:
eis tua guarida!

(IV)
Recordas, Amor,
ao nascer do Sol,
Natura acordava
com o arrebol?
Esfregavas os olhos
para ver melhor
e louvar a cor
desta maravilha
que todos encantou.
Em tudo és a mesma,
porém, eu não sou.
Elisa, tu pedes?
Aguarda que eu dou.

Deus  Vulcano e Vénus,
felizes tais nós?
Ele amava festas.
Tu e eu, a sós,
jurámos a fé.
Lembras-te das tardes,
que, isentos de alardes,
promessas fazíamos?
E quem te beijou?
Em  tudo és a mesma,
porém, eu não sou.
Elisa, tudo pedes?
Aguarda que eu dou.


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)

Coimbra

Foto: internet

segunda-feira, novembro 07, 2011

Um olhar


Foto minha

Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada.

Fernando Pessoa

sexta-feira, novembro 04, 2011

Um olhar


Foto minha


O ser humano nunca deambula sozinho. Ou é a sua sombra que o persegue, ou o amor, que o alegra, mas às vezes o faz sofrer.

terça-feira, novembro 01, 2011

Momento de Poesia com Agostinho Fardilha




Nuno de Santa Maria, o herói,
o guerreiro, o devoto de Maria,
vezes sem conta o inimigo destrói;
e, viúvo, faz o que já sentia:
mete-se no hábito de carmelita,
bate às portas e de rosto iluminado
roga esmola, quer grande ou pequenita;
os pobres são irmãos do seu agrado.


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

domingo, outubro 30, 2011

Chove...


Foto minha



Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.


 José Gomes Ferreira

 

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